31 março 2011



txana véi romão tui
sua bença

30 março 2011


Hélio Leites from Cesar Nery on Vimeo.

eu não penso
eu imagino e faço

Homo Canis - uma proposta

por Luciana Martins - lucianamdias@hotmail.com


Deus, desculpe incomodá-lo, mas é que andei pensando e gostaria de conversar com  Vossa Onisciência sobre um assunto. Ao que tudo indica, me parece que o Senhor está mesmo pensando em acabar com tudo por aqui em 2012 e, sinceramente, também acho que a humanidade não tem mais jeito, e talvez a melhor solução seja mesmo destruir tudo e recomeçar, como foi na época de Noé.

Mas o motivo de minha abordagem, não é bem este. Na verdade eu, humildemente, gostaria de contribuir com uma idéia para o Seu projeto de uma nova humanidade. É que, da ultima vez, para fazer o homem evoluir como espécie, o Senhor apostou no macaco, acredito que por ele ser um bicho animado, inteligente, dinâmico, enfim, a gente imagina que o Senhor deve ter tido os Seus motivos. Mas, com todo respeito, não sei se deu muito certo. Talvez justamente o fato de o macaco ser assim tão esperto e inteligente tenha prejudicado a humanidade enquanto espécie. Gostaria de saber se o senhor não se interessaria em tentar uma nova experiência, mas dessa vez com o cachorro. A idéia é a seguinte: e se a nova humanidade, ao invés de evoluir diretamente do macaco, evoluísse do cachorro?

Pense bem, Deus...Poderíamos ser uma espécie mais amorosa, fiel e dedicada, na qual o amor incondicional seria a base de nossas relações. Poderíamos não ser tão inteligentes, mas para que serviu tanta inteligência, se não para destruirmos o nosso planeta? A nova humanidade, evoluída do cachorro, teria um coração mais aberto, generoso, e as pessoas saberiam se doar e dedicarem-se umas às outras. Teríamos uma intuição muito mais apurada do que o intelecto, e agiríamos a partir do coração ao invés da mente. Seríamos pessoas mais sensíveis, e a verdadeira amizade seria comum entre as pessoas. Teríamos uma natureza mais gregária, por isso viveríamos melhor em sociedade. Saberíamos respeitar o território uns dos outros, e não haveriam mais guerras. Seríamos uma humanidade alegre, brincalhona, criativa, e a solidariedade seria nossa marca registrada. Saberíamos entender a dor uns dos outros e dar apoio simplesmente pela nossa presença silenciosa. Não julgaríamos, nem condenaríamos nossos irmãos e saberíamos perdoar e esquecer as ofensas com maior facilidade. Teríamos sempre um olhar doce e carinhoso uns para os outros, e saberíamos ser felizes com muito pouco. Dessa forma, deixariam de existir a ganância, a competitividade exacerbada e as desigualdades sociais. Não teríamos mais a esperteza dos macacos, mas isso talvez nos impedisse de sempre querer levar vantagens uns sobre os outros. Nossas brincadeiras seriam mais inocentes, teriam mais leveza e não mais nos divertiríamos às custas uns dos outros, fazendo gozações ou irritando nossos irmãos.

Talvez, ficássemos um pouco para traz em termos de capacidades de aprendizagem, mas em compensação, teríamos uma inteligência emocional muito mais desenvolvida, o que, o Senhor me desculpe a sinceridade, acho que foi uma falha no homem-macaco. Além do mais, como homens-macacos, não conseguimos amar de verdade, estamos sempre esperando uma recompensa, um reconhecimento. É que, por mais que tentemos, o gene macaco sempre acaba falando mais alto.

É claro que o cão ainda não é um animal perfeito, já que é uma evolução do lobo, e ainda tem em si uma certa agressividade, late, morde, mas até aí, Deus, nós também somos agressivos e muito mais perigosos. Certamente, se evoluíssemos do cachorro, usaríamos nosso faro e nossa agressividade apenas para nos defendermos de perigos reais, farejados à distância. Usaríamos melhor os nossos instintos, ao invés de reprimi-los.

O homem-cão, ou homo canis, seria menos egoísta e autocentrado e mais amável e amigo. Teria o gene canino, que sabe amar sem esperar nada em troca. Seria mais espontâneo e saberia olhar mais para o outro, abrir mão do próprio ego e se contentaria apenas em dar e receber carinho, incondicionalmente. Não se preocuparia em fazer barganhas, em levar vantagens, em ver o seu próprio lado primeiro. Saberia se doar sem esperar nada de volta. Seríamos pessoas melhores, Deus, talvez nos aproximássemos mais de sua Ideia Inicial e nos tornaríamos mais parecidos com Seu Filho, conseguindo praticar os seus ensinamentos.

Bom, não pretendo me estender mais, pois sei que Vossa Sapiência é muito ocupado, e mesmo sendo Onipresente, tem muito o que fazer. Mas gostaria de deixar registrada esta minha proposta. Agradeço a sua atenção e me despeço agora. Bom trabalho para o Senhor e que Sua Grande Obra possa continuar se realizando, cada vez mais aperfeiçoada.

* Meu nome é Luciana Martins Dias e Silva, e escrevi este texto em homenagem ao Mil, um cachorro da melhor qualidade, que foi um membro de minha família por 14 anos e nos deixou recentemente. Descanse em paz, velho Mil. 
 

29 março 2011

o sexo dos caracóis

agora, para seguir, quero sugerir a leitura do texto o que pretendemos é desenvolver conexões transversais, do livro encontros (p. 200), entrevista com eduardo viveiros de castro e marcio goldman, sobre o pensamento e a criação em grupo;

palavras (cultura, construído, humanidades, antropologia, linguagens) de um lado, coisas (natureza, dado, ciência, ciências duras, mundo) de outro;
o (mono)naturalismo está em pressuposição recíproca (não só com o (multi)culturalismo mas) com o estado moderno encarnando o aparelho de captura;
a antropologia reproduz o aparelho de captura ao reproduzir as perguntas que ele se faz: o que é isso, quem é esse, como é o outro? problema de identidade;
a prática da multiplicidade, sua criação, escapa aos dilemas da identidade;
por isso tem muito a ver com linguagem: como criar, campear plano de imanência, estabelecer relações inéditas, conexões entre expressão e experiência, fazer da expressão uma experiência;
e a partir daí problematizar nosso monismo, nosso dualismo;
medicina tradicional e/ou ciência;
como a música e sua sutileza pode configurar relações e ordenar materialidade densa?
como escapar aos dilemas da representação (do qual a arte tanto penou para se desvencilhar e ainda não consegue, ou melhor, problema que constitui há muito o plano de imanência com que a “arte” faz corpo e media a relação com o suporte da experiência (“espectador”)), esse modelo explicativo, fundado na prática da palavra de ordem, no sentido, no entendimento da realidade;  

  
tem o problema strathern: “como criar uma consciência de mundos sociais diferentes quando tudo que se tem a disposição são termos que pertencem ao nosso mundo?” (encontros: 214 e ss)
trata-se de um problema de pensamento sobretudo, portanto como converte-lo num problema de pensamento no sentido deleuziano (em que consiste pensar? em que consiste fazer antropologia?), isto é, como começar problematizando a questão?
“criar consciência”, “ter a disposição”, “termos”: estamos falando de pensamento, de escrita etc enfim, de uma linguagem definida;
mesmo que estejamos lidando com o contexto do contato/conflito de experiências-cultura, o universo é o do texto escrito no âmbito acadêmico etc;

“comparar o incomparável” (relacionar culturas): esse é o problema do “sentido” a que me referia;
como não pressupor um mesmo universo de sentido quando se trabalha a co-autoria (nós e eles);
como lidar com essa diferença que começa no âmbito da tradução (verbal, entre idiomas) para se desdobrar numa transcriação mais complexa que lida com outras linguagens, outros códigos, por sua vez organizados de forma diversa segundo princípios diversos;

parênteses: para não perder o que está passando: muito deve nos interessar o desdobramento desse problema; há uma força do pensamento que serve à identidade, à máquina de captura: a visão identitária da relação; admira-se: “as identidades são relacionais!”; taí, continuamos a pensar em função de identidades; e aí se pergunta: por que focar na identidade para garantir direitos? (encontros: 222); e também: quais as conseqüências disso? eu, sendo índio, tenho direitos que você, sendo não-índio não tem; é o que se chama microfascismo;
isso está apontado por guattari desde a revolução molecular, por causa do problema da palavra revolução, que leva a pensar que todo molecular seria digamos progressista, é aí que ele fala desses microfascismos;

pra fechar o eduardo e chegar a algo que possa nos interessar nesse parênteses: problema político-poético do antropólogo que deve lidar com os valores do estado (essencialismo estratégico) e a questão da criação em grupo possibilitada pela web;
transversalidade e relações transversais: conexões e experimentações, redefinição da criação pela conectibilidade rizomática: conexão com outros antropólogos, não-antropólogos (que fazem antropologia), outras teorias, outras áreas, outras linguagens, outras mídias...
“as relações transversais são as únicas capazes de gerar e sustentar um 'grupo-sujeito', capaz de não se submeter passivamente nem às determinações exteriores, nem à sua própria lei interna; (encontros: 225)

25 março 2011

eis uma perguntinha que insiste em me aperrear...

"Resta, por fim, uma incerteza: o caminho que a comunidade internacional escolheu através da CDB nos levará ou não ao fim esperado? A valoração econômica, ou seja, mecanismos mercadológicos realmente serão capazes de reverter a acelerada degradação da diversidade biológica e cultural, e preservar nossa base de vida?"

MICHAEL F. SCHMIDLEHNER

21 março 2011

vegana
série de animação do instituto nina rosa
os habitantes as águas

10 março 2011