29 março 2011

o sexo dos caracóis

agora, para seguir, quero sugerir a leitura do texto o que pretendemos é desenvolver conexões transversais, do livro encontros (p. 200), entrevista com eduardo viveiros de castro e marcio goldman, sobre o pensamento e a criação em grupo;

palavras (cultura, construído, humanidades, antropologia, linguagens) de um lado, coisas (natureza, dado, ciência, ciências duras, mundo) de outro;
o (mono)naturalismo está em pressuposição recíproca (não só com o (multi)culturalismo mas) com o estado moderno encarnando o aparelho de captura;
a antropologia reproduz o aparelho de captura ao reproduzir as perguntas que ele se faz: o que é isso, quem é esse, como é o outro? problema de identidade;
a prática da multiplicidade, sua criação, escapa aos dilemas da identidade;
por isso tem muito a ver com linguagem: como criar, campear plano de imanência, estabelecer relações inéditas, conexões entre expressão e experiência, fazer da expressão uma experiência;
e a partir daí problematizar nosso monismo, nosso dualismo;
medicina tradicional e/ou ciência;
como a música e sua sutileza pode configurar relações e ordenar materialidade densa?
como escapar aos dilemas da representação (do qual a arte tanto penou para se desvencilhar e ainda não consegue, ou melhor, problema que constitui há muito o plano de imanência com que a “arte” faz corpo e media a relação com o suporte da experiência (“espectador”)), esse modelo explicativo, fundado na prática da palavra de ordem, no sentido, no entendimento da realidade;  

  
tem o problema strathern: “como criar uma consciência de mundos sociais diferentes quando tudo que se tem a disposição são termos que pertencem ao nosso mundo?” (encontros: 214 e ss)
trata-se de um problema de pensamento sobretudo, portanto como converte-lo num problema de pensamento no sentido deleuziano (em que consiste pensar? em que consiste fazer antropologia?), isto é, como começar problematizando a questão?
“criar consciência”, “ter a disposição”, “termos”: estamos falando de pensamento, de escrita etc enfim, de uma linguagem definida;
mesmo que estejamos lidando com o contexto do contato/conflito de experiências-cultura, o universo é o do texto escrito no âmbito acadêmico etc;

“comparar o incomparável” (relacionar culturas): esse é o problema do “sentido” a que me referia;
como não pressupor um mesmo universo de sentido quando se trabalha a co-autoria (nós e eles);
como lidar com essa diferença que começa no âmbito da tradução (verbal, entre idiomas) para se desdobrar numa transcriação mais complexa que lida com outras linguagens, outros códigos, por sua vez organizados de forma diversa segundo princípios diversos;

parênteses: para não perder o que está passando: muito deve nos interessar o desdobramento desse problema; há uma força do pensamento que serve à identidade, à máquina de captura: a visão identitária da relação; admira-se: “as identidades são relacionais!”; taí, continuamos a pensar em função de identidades; e aí se pergunta: por que focar na identidade para garantir direitos? (encontros: 222); e também: quais as conseqüências disso? eu, sendo índio, tenho direitos que você, sendo não-índio não tem; é o que se chama microfascismo;
isso está apontado por guattari desde a revolução molecular, por causa do problema da palavra revolução, que leva a pensar que todo molecular seria digamos progressista, é aí que ele fala desses microfascismos;

pra fechar o eduardo e chegar a algo que possa nos interessar nesse parênteses: problema político-poético do antropólogo que deve lidar com os valores do estado (essencialismo estratégico) e a questão da criação em grupo possibilitada pela web;
transversalidade e relações transversais: conexões e experimentações, redefinição da criação pela conectibilidade rizomática: conexão com outros antropólogos, não-antropólogos (que fazem antropologia), outras teorias, outras áreas, outras linguagens, outras mídias...
“as relações transversais são as únicas capazes de gerar e sustentar um 'grupo-sujeito', capaz de não se submeter passivamente nem às determinações exteriores, nem à sua própria lei interna; (encontros: 225)

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