12 setembro 2014
09 agosto 2014
06 julho 2014
04 novembro 2013
27 setembro 2013
10 setembro 2013
A violência contra os povos indígenas é um marco histórico no cenário político do Brasil contemporâneo. É assim, neste contexto de guerra, que se torna urgente para esses povos contratacar em campos de batalha que proporcionam a criação de mundos possíveis. Frentes como o pensamento (dito) antropológico, as artes ou a chamada educação (oficial) tem servido como trincheira na criação de interessantes experiências de interação entre indígenas e não-indígenas no Acre. Projetos que configuram alianças de saberes e tecnologias, para além da polarização que supõe indígenas de um lado e “brancos” de outro, emergem como máquinas de guerra que proporcionam territórios existenciais outros. Neste grupo de trabalho propomos a apresentação de experiências que abordem possibilidades criativas dos encontros, composições entre indígenas e não-indígenas. Esses trabalhos apontam para a problematização de questões éticas, políticas, estéticas, metodológicas, jurídicas e do campo da subjetividade (identidades).
26 maio 2013
cantos da floresta from corisco on Vimeo.
O homem, as viagens
Carlos Drummond de Andrade
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra
o homem chateia-se na Lua
Vamos para Marte, ordena à suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado
vamos a outra parte?
Claro diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos à Vênus
o homem põe o pé em Vênus,
Vê o visto, é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for à Júpiter
proclamar justiça com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
o espaço todo vira Terra-a-terra.
o homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol
põe o pé e:
Mas que chato é o Sol, falso touro espanhol
domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si mesmo a si mesmo:
por o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas
entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
27 abril 2013
Campus Floresta da Ufac discute os ‘Conhecimentos tradicionais’
UFAC Floresta discute os “Conhecimentos Tradicionais”
Na noite do dia
22, no Teatro do Môa, no Campus Floresta da UFAC, em Cruzeiro do Sul, foi
realizado o evento “Conhecimentos Tradicionais Contra o Desmatamento”, que
reuniu professores, alunos e representantes de povos indígenas e populações
tradicionais da região do Vale do Juruá para uma discussão e exposição sobre o
tema. A realização foi fruto da parceria entre o Projeto Nova Cartografia
Social da Amazônia (PNCSA), o Laboratório de Antropologia e Florestas (AFLORA,
da UFAC) e o Grupo Vida e Esperança (composto por agricultores da Reserva
Extrativista do Alto Juruá).
Como se sabe, o
Vale do Juruá é uma área com forte presença de povos indígenas e também de
extrativistas e agricultores, distribuídos num mosaico de Terras Indígenas e
Unidades de Conservação. A região abriga uma expressiva biodiversidade
(comprovada por diversos estudos científicos) e significativa sociodiversidade,
inclusive com a presença de povos autóctones em estado de isolamento voluntário
(conhecidos como “isolados”). No Vale do
Juruá, notadamente nos altos rios Juruá, Tarauacá e afluentes, estão em curso há
mais de 20 anos experiências diversas de construção de alternativas ao modelo
de desenvolvimento hegemônico: aquele que, fundamentado justamente no
conhecimento científico, tem apontado como caminhos para o país, e a Amazônia,
o agronegócio, o manejo florestal madeireiro, a construção de hidrelétricas,
projetos de mineração, entre outros igualmente impactantes do ponto de vista
social e ambiental.
Por outro lado, dentro
do próprio meio acadêmico esta modalidade de associação entre conhecimento e
desenvolvimento tem sido criticada, e não são poucos os pesquisadores que
apontam, por um lado, para o caráter homogeneizante e predatório deste tipo de
desenvolvimento (como suas monoculturas de produtos e também da mente) e, por
outro lado, para a necessidade de valorizar e dar maior visibilidade aos povos
e comunidades locais que, por meio de seus conhecimentos e das experiências que
os expressam, apontam para outras possibilidades de convivência entre as
sociedades humanas e os recursos naturais, com maior liberdade e respeito.
Longe de serem conhecimentos ultrapassados ou antigos, os chamados
“conhecimentos tradicionais”, dizem muitos estudiosos não só das ciências
humanas, se renovam constantemente e circulam livremente entre seus detentores,
produzindo, neste movimento, diversidade (seja ela biológica ou cultural). É
neste rumo que comunidades e povos do Vale do Juruá desenvolvem experiências de
educação (lato sensu), de implantação
de sistemas agroflorestais e jardins medicinais, de segurança e autonomia
alimentares, de planejamento comunitário de uso e proteção de seus territórios,
de troca de sementes e mudas (e de recusa aos trangênicos, agrotóxicos e
fertilizantes industriais), de valorização cultural, entre outras.
Dentro deste
espírito, no evento realizado no Teatro do Moa, para a mesa de palestrantes
foram convidados tanto pesquisadores acadêmicos – como Alfredo Wagner de Almeida,
coordenador do PNCSA e professor da UEA e UFAM, Mauro Almeida, da UNICAMP,
Maria Inês de Almeida, da UFMG, e Terri Aquino, do PNCSA e da FUNAI – quanto o
sertanista José Carlos Reis Meirelles Jr., o pesquisador indígena Ibã Huni Kuin
e o professor de agricultura florestal Antonio Teixeira da Costa.
Além das palestras
e debates, foi exposto o trabalho de cartografia social de conhecimentos
tradicionais que fora realizado nos dias anteriores, num outro evento, desta
vez mais restrito, intitulado “Encontro Amazônico de Saberes Consorciados
Contra o Desmatamento”. No Encontro, que reuniu pesquisadores acadêmicos e da
floresta, em particular da Reserva Extrativista do Alto Juruá e das Terras
Indígenas Kaxinawá e Ashaninka localizadas nos rios Jordão, Breu e Humaitá,
entre outros, a ideia de uma rede de conhecimentos e conhecedores, que articule
universidade e comunidades locais, foi debatida. Ambos os eventos – o Encontro
e a mesa-redonda na UFAC Floresta – contaram com apoio de recursos do Fundo
Amazônia.
Este Encontro,
organizado pelos professores da UFAC Mariana Ciavatta Pantoja (Sede) e Amilton
Pelegrino Mattos (Floresta), ambos do AFLORA, integrou as atividades de um
projeto maior do PNCSA, coordenado pelo antropólogo Alfredo Wagner de Almeida,
e que objetiva fortalecer a cartografia social como um instrumento contra o
desmatamento, uma ferramenta que é apropriada por grupos locais em toda a
Amazônia em suas lutas a favor de seus direitos, territórios e modos de vida (www.novacartografiasocial.com).
09 abril 2013
artigo ser campesina en la amazonia de irene garcia roces