27 setembro 2007

rizomas

dou graças a aracy lopes da silva o rizoma na obra de viveiros de castro;
em seu texto pequenos xamãs ela faz uma extensa citação que me ganhou com a noção de corporalidade, qualquer coisa como a corporalidade como categoria central da constituição do conhecimento indígena;
isso, somado ao xamanismo me fez bater no perspectivismo;
daí não saí, roí o osso do perspectivismo por anos, converti-me e comecei a pregar;
fiquei possuído por aquele texto que não cessava de se desdobrar;
com ele, aprofundei-me no problema epistêmico da natureza e do objeto, da objetividade que caracteriza nossa matriz filosófica;
tais problemas ganharam uma dimensão fundamental em minha dissertação que aí, já quase na final, encontra seu problema teórico, articulando-o aos meus problemas de campo: ritual, canto-dança, xamanismo, inspiração, êxtase, conhecimento guarani;
quando pensava que tinha chegado, encarei o perspectivismo com uma turma de ciências sociais, no sexto período, era a primeira vez que dava antropologia educacional;
entrei pela corporalidade com a aracy e mandei o perspectivismo amortecido por uma entrevista com o autor;
o lombo das gentes estalou, foram aulas inesquecíveis, para mim certamente;
um de meus alunos me disse algo que não esqueci, também pudera, disse que tinha aprendido naquele curso o que não aprendera em anos de universidade federal;
o problema era as imagens da natureza de um lado no idealismo do conhecimento positivista da tradição ocidental em polêmica com, de outro, a corporalidade o xamanismo indígena imaginado pelo perspectivismo;

depois de tantos anos e linhas escritas sobre a imaginação da natureza nos saberes e nas instituições indigenas que atinei para o problema supostamente simétrico e oposto da imagem de sociedade imaginado e problematizado em nossa tradição;

a solução da antropologia regional para o problema de classificação da morfologia social colocado pelas sociedades ameríndias foi operar com dispositivos híbridos, as sociocosmologias, que traziam a dimensão simbólica articulada aos dados empíricos;
a idéia foi trazer para o jogo as definições de socialidade nativas, redefinindo a tradição descritivista do empirismo europeu;
a corporalidade foi uma das dimensões fundamentais nessa transposição;
cabia à antropologia regional levar a sério o animismo e as metamorfoses do xamanismo indígenas para chegar às formas dessa socialidade;
por aí se chega ao perpectivismo que não se restringe a uma epistemologia como pensava no tempo da dissertação e conforme o autor em o nativo relativo;
ele possui essa dimensão social, essa imaginação da socialidade, que foi por onde a antropologia brasileira pode dar conta de definir elementos que dessem conta da morfologia social ameríndia;


assim que, articulada à metamorfose, a guerra tornou-se outra instituição central para a compreensão dessa socialidade;
por extensão à guerra, o sistema de parentesco foi revisto a partir da instituição da afinidade pelas alianças de casamento;
sabe-se que entre os grupos guerreiros as alianças de casamento, constituindo relações de afinidade através da troca de mulheres tem papel contitutivo;
a guerra que está vinculada em nossa concepção contratualista de sociedade à dissolução social, pode assim ser elemento constitutivo da socialidade ameríndia;

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