06 setembro 2007



não posso conceber uma antropologia sem filosofia;
a antropologia tanto quanto a filosofia estão baseadas em teorias do conhecimento;
talvez a antropologia (não passe de) seja um capítulo da filosofia (o pensamento selvagem não atesta isso..., deleuze já não afirmou isso em anti-édipo...);
em minha prática de pensamento, ambas se articularam em propósitos definidos: fazer do pensamento um jogo, uma prática e um exercício de se desvincular da concepção de verdade explicativa do positivismo, desautomatizar o pensamento e a forma-sujeito que ele implica utilizando-se desse intercessor que é o pensamento outro;
pois isso só se faria compreendendo minimamente do que se trata o pensar ocidental, quais as formas que a filosofia utilizou para se desdobrar, para refletir o pensamento em seus princípios e pressupostos;
as formas do rebanho e as maneiras de lidar com ele, de moldar-lhe o pensamento: afinal, não há psicologia senão a do padre...
portanto, para desconstruir o meu sujeito devo articula-lo com minha dimensão de sujeito de conhecimento;
inicialmente para romper essa unidade inicial em que me confundo com o pensamento;
essa ruptura se dá com a multiplicidade do devires que definem o pensamento;
é isso! pois fora essa a invenção de sócrates, essa consciência racional, essa identidade do sujeito com a razão, com o pensamento;
nisso ele foi predestinado, na confecção desse modelo de subjetividade que ainda hoje no engana;
por isso o jogo, a multiplicidade, contra essa unidade essencial;

***

incita-me que a moral seja uma grande incógnita seja para a antropologia, a filosofia, ou os pontos em que elas se articulam;
a ordem moral é um poderoso instrumento do discurso religioso de nossa civilização;
é um elemento central para uma história da verdade que proponha qualquer continuidade entre a verdade religiosa e a científica;

qualquer questão a ser colocada pela antropologia deve partir de uma perspectiva epistêmica, deve lidar com o confronto de pensamentos diversos;
quando se parte de um horizonte de pensamento homogêneo, não problemático, já se fez a redução, já se colocou a serviço o arsenal da moral civilizatória e colonizadora;

o confronto desses pensamentos tem o mérito de desestabilizar um campo para verdades, um horizonte positivo que possa afirmar verdades sobre o outro e seu pensamento, dado que o outro também tem seu campo de relativas verdades;

acontece que o pensamento conflituoso dessa antropologia não poderia tornar-se unânime, havendo ainda muito espaço ainda para o positivismo;
essa antropologia do pensamento selvagem segue como resistência, como proposta de reformulação dos princípios do pensamento ocidental via crítica da representação e crítica dos regimes sígnicos;

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