11 abril 2012


 imagem: área da prospecção de carburetos no ac/am

O povo huni kuin tem assumido seu etnônimo. Também conhecidos por kaxinawa, vivem no brasil e no peru. Na Amazônia brasileira, eles são aproximadamente oito mil indígenas vivendo em aldeias aos longos dos grandes rios.
Os huni kuin sofreram forte impacto dos dois grandes ciclos da borracha que emergiram no século XX na Amazônia. No entanto, sobreviveram ao contato com um idioma forte e retomando sua organização social e territorial.
Nos anos oitenta tiveram suas terras reconhecidas pelo Estado. Desde então, essas comunidades vem se empenhando no desenvolvimento de projetos de gestão territorial que lhes garantam uma alguma autonomia ante à sociedade majoritária.    
Hoje se empenham principalmente no fortalecimento de suas festas e rituais. Para tanto, tem desenvolvido métodos de pesquisa originais. Desenhar os cantos da ayahuaska tem sido uma dessas formas de pesquisar os saberes antigos pelas gerações mais novas.  
Um grande projeto infraestrutural que já foi denominado IIRSA, visa transformar a região num pólo logístico para a exportação de produtos primários de todo o continente.
O objetivo do megaprojeto é transformar, com a construção de estradas e usinas hidrelétricas, a região amazônica-andina num grande corredor de exportação-importação com saída para o Pacífico de madeira, minério, grãos, carne bovina e outros produtos primários, o que deve consolidar o lugar subalterno dos países emergentes da região, de suas populações e recursos naturais, na economia global.
Esse megaprojeto envolvendo conglomerados financeiros, corporações transnacionais e governos locais tem gerado impacto direto em todas as populações que vivem na floresta da região.  Os territórios huni kuin também sofrem esse impacto.
Na região fronteiriça ao Peru, onde estão situadas as terras indígenas dos huni kuin, a exploração desenfreada de madeira e carburetos (gases e petróleo), que no país vizinho já tem alguns anos, vem impactando os territórios supostamente reservados pelo governo peruano aos povos indígenas em isolamento voluntário.
São inéditos e assustadores os fluxos migratórios das populações indígenas, os índios isolados, para o lado do Brasil. A fuga desses povos nômades para a amazônia brasileira, mais especificamente para as terras indígenas dos huni kuin, tem sido garantida até agora por sua política pacífica de acolher os parentes isolados. Os huni kuin já tiveram que abrir mão de certas aldeias para não entrar em conflito com os brabos. No entanto, o governo não se posiciona no sentido de uma solução ao problema.
Pelo contrário, os mesmos processos que se iniciaram há anos no Peru, e que hoje levam à expulsão violenta dos índios isolados de suas reservas, fazem parte do programa dos governos brasileiros locais, tais como a indústria madeireira, a exploração de gases e petróleo, o investimento em estradas e produtos para a exportação, tais como grãos e carne bovina. 
Portanto, além desse problema grave, que pode levar ao extermínio desses povos isolados, outros impactos sobre o território huni kuin estão em curso. A exploração de gases e petróleo na região de maior biodiversidade do planeta, após ter sua etapa de prospecção concluída, está em fase de implementação adiantada.
A força dos interesses dos bancos e corporações, subjugando os governos locais que lutam pelo poder enraizou-se no Congresso Nacional. Especialistas afirmam que no Brasil, não se via um retrocesso como o atual na área socioambiental desde a ditadura militar (décadas de 60 a 80), que empreendeu uma etapa fundamental da história de invasão e saque da Amazônia, tomando-a como região desabitada e atrasada.

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