13 fevereiro 2011


"Roquette não deixou um fio solto. Anotou musicalmente os cantos dos nativos e, não contente, gravou-os em cilindros de cera com o fonógrafo portátil que se usava na época. Filmou tudo que pôde e fotografou ou desenhou o resto. Sem contar o que recolheu de pedras, pontas de flechas e objetos indígenas, e que transportou pelos milhares de quilômetros através de rios, pântanos e picadas abertas na selva. O que sobreviveu desses fonogramas, filmes, fotos, fichas antropométricas e objetos, conservados até hoje no Museu Nacional, dá só uma vaga idéia das condições em que tudo isso foi realizado.
(...)
De volta ao Rio em novembro daquele ano, Roquette depositou no Museu Nacional cerca de uma tonelada e meia de objetos que trouxe da Serra do Norte. As anotações musicais foram entregues a Villa-Lobos, que as elaborou em composições que assinou com Roquette.

(rui castro, roquette-pinto: o homem multidão)



As mais antigas gravações brasileiras


Em 1912, quando participou da Expedição Rondon ao Mato Grosso, Roquette-Pinto utilizou-se de um gravador pioneiro - o dictaphone, com motor movido a mola - para efetuar algumas das primeiras gravações de sons-ambiente, rituais e cantos de indios brasileiros , como "Teiru" e "Nozani-Na". Se Roquette nada mais tivesse realizado, essas gravações bastariam para garantir seu lugar na galeria dos grandes pesquisadores culturais do pais, pois os registros que fez foram ouvidos, transcritos e arranjados por Villa-Lobos, e tornaram-se parte de nosso cancioneiro. Além disso, influenciaram o nacionalismo do compositor - que depois também andou pelo norte do país, fazendo pesquisas musicais. As gravação, que pertencem ao Museu Nacional, foram feitas em cilindros de cera e começam sempre com uma apresentação do próprio Roquette. Clique para ouvir "Ualalocê", uma canção dos índios parecis, gravada há quase um século.




fonte: http://www.soarmec.com.br


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