07 abril 2010




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trata-se antes de escapar do que de enquadrar, conscientizar, incluir, normalizar;

o regime contra o qual escrevemos é o regime do controle, das sociedades de controle;

o consumo, uma sociedade capitalista, consiste numa complexa relação entre desejo, liberdade e tirania;

estado e capitalismo não se diferenciam nessa sua herança dos regimes religiosos de controle moral;

conforme deleuze em seu texto sobre as sociedades de controle, são elas que seguem as sociedades de disciplina a partir das quais foucault deduziu os regimes discursivos com que saber e poder interagem e se indiferenciam;

usamos os discursos, operamos a linguagem, mas também somos subjetivados nessa utilização, nos constituímos nessa operação;

quando estamos operando com os discursos, temos duas posturas basicamente;

deleuze define duas formas de lidar com o plano: plano de transcendência e plano de imanência;

a relação com o plano é que define a relação com a linguagem enquanto plano de imanência (da obra, da subjetividade, do universo, de tantas multiplicidades que se abrem com a criação de conceitos, perceptos e/ou afectos);

no plano de transcendência somos ultrapassados pelo discurso, na medida que se trata de um discurso que refere sem ser referido;

já o plano de imanência consiste num plano que não se oculta, que à medida que explicita, é explicitado;

nas artes do século vinte, essa quebra com a representação que marca o plano de transcendência consiste no gesto de comprometimento político mais profundo da arte;

a arte sacrifica seu próprio corpo a medida que se separa da comunicação e da publicidade;

vimos isso nas linhas de fuga que vão irremediavelmente exilando marcel duchamp;

essa ruptura toma diversas formas: desde a diluição das imagens impressionistas até a ruptura da tela, as instalações e os parangolés;

o teatro não só desce do palco como mergulha no absurdo;

como escreve haroldo de campos nas galáxias: escrever sobre escrever é o futuro do escrever;

o mesmo se dá com a música, com as artes plásticas, com o teatro;

emergir a linguagem da linguagem (plano de imanência, dobra);

trata-se de uma dobra ou de múltiplas dobras sobre o plano de imanência, segundo a materialidade de cada expressão;

as próprias linhas que dividem as artes são suspensas;

todo esse movimento de dobra sobre a linguagem, de expressar o plano de imanência inerente ao processo artístico consiste na natureza própria da arte, em sua natureza selvagem;

a arte não é a obra, não consiste no produto;

a aura, o mana da expressão artística atravessa o corpo da obra;

e não se faz obra sem o percurso da linguagem em corpo, em a perspectiva que o corpo torna possível;

não se captura os devires pois eles atravessam entre os blocos de subjetividade;

como refere joão cabral, esse devir que move ou que consiste na expressão artística é faca só lâmina;

não está disponível para o consumidor pois consiste num limite;

a esse limite cabe nos levar além;

não se trata de definir uma política de estado para nossos alunos;

trata-se de deixar pistas, vestígios, de que eles podem escapar de nossos discursos, dos discursos oficiais, de nossas doutrinas;

não se trata de compreender finalmente o que necessitam nossos alunos, isso já se tornou um habitus que nos foi incutido pela publicidade que se espalha por todos os discursos desde o da mãe, passando pelo do padre, o do professor, do patrão, da esposa etc;

todos buscando uma satisfação cada vez mais longe por querer agarrar algo que não está disponível;

quão infeliz isso nos faz;

trata-se de criar a partir das linhas de fuga, ao invés de nos fixarmos em discursos que nos conduzem a subjetividades moldadas, prontas para serem consumidas, fast food;

daí a dificuldade de se falar sobre o que seja política, arte e educação;

a política, a arte ou a educação podem ser perspectivas antes de serem discursos (objetos de);

fazer de qualquer dessas perspectivas um plano de transcendência consiste em operar a neutralização dessa natureza selvagem libertária que antes implica do que corrobora com explicações;

não se trata de falar de arte, a arte mesmo é avessa explicações, exposições etc;

daí o crítico como o antípoda do artista;

e daí a necessidade de uma contínua reinvenção da crítica;

uma crítica poética, uma crítica como pesquisa e experiência de linguagem, de recriação, de sampler;


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