04 janeiro 2010

http://www.intermidias.com/txt/ed8/De.pdf

Fui transportado num segundo para as cenas de Madadayo, o filme de Akira Kurosawa. Um professor que vivia cercado, anos após anos, pelos seus alunos e alunas. E eles sempre lhes perguntavam se ele estava pronto para partir, para morrer. E ele sempre dizia “ainda não” (madadayo). Uma das cenas finais é sua morte e a reminiscência de uma cena de infância, na qual brinca de esconde-esconde e um dos garotos pergunta se já está pronto e ele diz: “ainda não”.
Tudo isso é um artesanato existencial. Então, posso entender porque os adultos, inclusive muitos educadores, costumam ter uma visão enfadonha ou utilitária do brincar. Vivem no espaço-tempo da ausência: uma interioridade absoluta (um monólogo interior infindável) que os aprisiona e os impede de viver na intimidade do fora (Blanchot). Uma exterioridade sem experiência e uma experiência sem contato com o corpo e o entorno.
Num minuto, uma das meninas me viu: minhas costas haviam me denunciado. Como dizem Deleuze e Guattari: “Haverá sempre uma percepção mais fina do que a sua, uma percepção do seu imperceptível…”
garrocho - cultura do bincar


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