25 maio 2009


tentativas

1. Quais os elementos que você julga importantes na definição de psicologia?
2. Qual a concepção de ser humano (espécie e indivíduo) que assumimos nesta disciplina?


”Esperamos que você se relacione com este material de maneira crítica e criativa, dialogando conosco e trazendo para a nossa relação contribuições a partir do interesse que você tem sobre o assunto, e, especialmente, que você se baseie nos estudos que já fez nas disciplinas que cursou anteriormente neste curso de Licenciatura em Artes da UAB – UnB.” (Diva Maciel e Lúcia Pulino. A Psicologia, o Desenvolvimento Humano e o Ensino-Aprendizagem de Artes, p. 1)


Já vai dar meia noite. O prazo se esgota. Já perdi as contas de quantas vezes comecei a responder o questionário de duas questões que começa me solicitando um julgamento pessoal da psicologia, isto é, de sua definição.
A psicologia já me definiu. É a hora de dar o troco.
Digo mesmo de me vingar.
Tentarei ser claro, seja lá o que isso quer dizer.
Não é a toa que a palavra medo esteve presente e todos os meus textos anteriores.
Afinal, são tantas as palavras de ordem...
Um deles começava assim: “Confesso, tenho medo da psicologia, de suas camisas de força e seus choques elétricos em nome da normalidade...”
Decidi ser mais claro, mais objetivo, para não sofrer notas baixas novamente como forma de censura.
Agora, para buscar a maior objetividade possível, resta uma definição semântica.
O que a pergunta define com a palavra ‘você’?
O que será este ‘você’, quem será que deve fazer considerações sobre a psicologia?
Julga-los importantes, os elementos que ‘você’ julga-los importantes.
Vou tentar, conforme orientação, responde-los do meu jeito...
Responder o questionário de forma crítica e relaciona-lo com outras disciplinas do curso.
Pego então o gancho e passo a responsabilidade de desconstruir a tradição historicista da epistemologia ou da epistemologia historicista para o senhor Graça Veloso que começou nos propondo uma abordagem do teatro e da construção do conhecimento que relativisasse a tradição historicista do conhecimento ocidental (pelo menos com relação ao teatro e às artes).
Se ‘você’ deve ‘julgar’ a psicologia a partir do texto, penso que ele julgaria a partir dos pressupostos históricos que o texto lhe sugere.
Não haveria muito como apelar para qualquer cri-atividade, a ciência dos universais explicou o mundo e só restaria a ‘você’ rezar a bíblia ou a cartilha do mundo explicado.
Para a formulação de um conhecimento libertário, penso com Graça Veloso, ser necessário desconstruir os universais antes de afirma-los.
Mesmo um diálogo com a disciplina de antropologia pode nos colocar um problema semelhante.
Mas quero mesmo é voltar ao cerne do problema: a dimensão política ou libertária do conhecimento e da epistemologia.
Conhecer para definir o que é o homem, o homem normal de Foucault, o homem normal da psicologia como ciência régia, como pensamento de uma ordem de estado.
Se conhecimento é poder, não há como falar de psicologia como uma ciência natural.
Quanto mais neutro o conhecimento se empenha em tornar-se, mais comprometido está com a ordem estabelecida.

E então, como fazer convergir arte e essa ordem humana que a psicologia assumiu como ciência régia.
Bingo! Fazendo convergir as duas ciências do padre: psicologia e educação.
Somos constantemente cobrados que o estado está pagando nossos estudos, então é melhor sentirmos culpa caso passe por nós qualquer desejo de devir-artista, caso manifestemos qualquer rejeição em ‘ser’ professor (tanto ‘ser’, quanto ‘professor’, conforme as teorias que nos são explicadas).
As autoridades em nós estão vigiando para que os artistas não escapem, para que os artistas não se amotinem em nós.

O processo de massificação da educação ou da arte num tempo de capitalismo feroz como este em que vivemos, nos leva a problematizar as categorias em que devemos nos enquadrar.
O artista, especialmente o de teatro, parece mais um nômade atravessando ou esquivando-se da psicologia, esse império estatal da subjetividade ou esse mercado das subjetividades etiquetadas.
A categoria arte-educador, num projeto de sociedade hiper-capitalista como a nossa, torna-se antes uma conveniência pedagógica para uma educação (justamente nesse sentido vazio da palavra, se já houve algum outro...) massiva que um intercessor, que um artista do humano.


Buscarei responder às questões com o máximo de objetividade que me seja possível.
Sinceramente, tenho medo da psicologia. Talvez precise de uma análise para poder me relacionar com (ou me doutrinar em) suas abordagens e seus conceitos do humano.
Como artista, criador, educador, antropólogo e estudante de teatro, a psicologia que se nos apresenta me faz sentir vestindo uma camisa de força.
Sua concepção epistemológica, o interesse em apresentar uma noção generalizável de psicologia, cuja concepção crítica ou política ou progressista que seja, qualquer coisa de epistemologicamente libertário, está longe da perspectiva apresentada.
Não se trata de construir um corpo-sem-órgãos, estou falando


Capcioso o uso desse você na questão;
Os universais não são uma exclusividade da psicologia, ainda que essa opere com os universais da subjetividade, um campo articulador de vários saberes distintos.
A naturalidade com que a psicologia pressupõe e nos faz supor os universais que nos configuram sempre me lembraram os religiosos.
Todos os professores me lembram religiosos, com suas introduções e suas pressuposições, quase todas tomando o estudante por mané, como se a inocência ou a ignorância fossem uma doença a ser extirpada do indivíduo obediente.
As técnicas são similares às da religião.
Voltando à psicologia, ou melhor, articulando psicologia e educação sempre lembro da frase de Nietzsche, a única psicologia é a psicologia do padre.
Parece que ele devia se referir não só à prática da psicologia como também ao seu ensino ou ao ensino em geral.
Talvez precise mesmo de uma análise. Não sei se sou capaz de responder questões com tamanho teor de pressuposição.
Ainda me assustam as camisas de força e os choques elétricos.
A sombra da inquisição também persegue os religiosos, como a do nazismo os nacionalistas, como a da tortura os militares, cada um gozando a fama sádica à sua maneira.

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