o que sempre me atriu na arte da aprendizagem foi a maneira que as pessoas aprendem e a ciência do educador de criar rasgos na realidade que reconfigurem a sensibilidade e a percepção dos aprendentes
de todas as artes de modelar pessoas a que mais me atraiu foi a literatura
especificamente pela experiência de ouvir um poema que mudaria meu dia, meus gostos, minhas referências, minha juventude, enfim
então, decidi me devotar a essa ciência
ciência fina, que, como diz o riobaldo: 'o capinar, é no sozinho mesmo...'
nesses últimos quinze anos passei convicto por uma série de processos de aprendizagem
penso que minha paixão em ensinar é a mesma paixão de aprender
como o dito do riobaldo que minha professora de literatura epigrafou no livro que me deu quando anunciei minha iniciação na área
'professor, professor não é quem sempre ensina
é quem, de repente, aprende'
rosa, gsv
por fim uma citação de deleuze que abre minha dissertação de mestrado:
Ao escrevermos, como evitar que escrevamos sobre aquilo que não sabemos ou que sabemos mal? É necessariamente neste ponto que imaginamos ter algo a dizer. Só escrevemos na extremidade de nosso próprio saber, nessa ponta extrema que separa nosso saber e nossa ignorância e que transforma um no outro. É só deste modo que somos determinados a escrever. Suprir a ignorância é transferir a escrita para depois ou, antes, torná-la impossível. Talvez tenhamos aí, entre a escrita e a ignorância, uma relação ainda mais ameaçadora que a relação geralmente apontada entre a escrita e a morte, entre a escrita e o silêncio. Falamos, pois, de ciência, mas de uma maneira que, infelizmente, sentimos não ser científica.
(Deleuze, 1988:18)
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