03 janeiro 2009



são tantas as imagens da escola indígena;
vão desde as mais otimistas até as mais pessimistas, vão desde a imagem do bom selvagem até o ceticismo histórico;

não vejo sentido proliferar imagens da escola indígena sem compreender em que consiste o projeto de escola indígena do estado;

é bastante comentada a atitude dos indígenas de receberem tudo o que chega de fora, de serem muito receptivos às novidades, de serem um povo da alteridade mais que da identidade;


o que assombra é que na maior parte dessas perspectivas de estado, em que esses intelectuais orbitam, pensam a escola em si mesma, a escola pela escola, sem perspectiva-la em sua socialidade;
é aí que esses intelectuais de estado se furtam a uma análise do período político e histórico que vivemos, é aí que se furtam de analisar o caráter que eu chamaria de foucaultiano do processo que estamos vivenciando;
trata:se como se as políticas de subjetividades fossem um bem em si sem buscar compreende-las nos contexto extremamente opressivo do capitalismo que estamos vivendo;
negligencia:se a história como só uma mentalidade colonialista e entorpecida pelo autoritarismo pode fazer;
trata:se a constituição, documento positivista por excelência, como ruptura histórica em relação à onda repressiva que tomou conta do estado e desenvolveu sua vigilância ideológica de forma violenta durante o último período de definição política no país, pois depois disso não saímos da mesmice pseudo-democrática da manutenção do poder do capitalismo financeiro dos países de primeiro mundo;
ver a escola indígena desprovido das lentes do contexto de saber:poder em que nos encontramos conduz à miopia da retórica de estado, desvinculada das experiências contra-capitalistas e contra-civilizacionais de sua forma de vida;

muitos povos já percebem o logro dos valores etnocêntricos que chegam junto com a televisão e outros bens de consumo;
as intervenções de estado que visam hoje transformar em consumidores a maior parcela possível da população, tomam um critério de valores uniforme para definir o grau de pobreza das populações não urbanizadas;
como outrora se valorizavam soldados, hoje se valorizam consumidores;
esse olhar míope do estado tem gerado confusões em cadeias e os prejudicados em seus projetos de organização e autonomização são os indígenas que acabam se envolvendo e identificando nesses projetos de estado;

os professores indígenas criticam nos olhares de seus assessores pedagógicos brancos a incapacidade de enxergar uma escola para além da escola em si, da escola pela escola;
em suas palavras, a escola não deve ser um valor em si, deve se constituir em função dos projetos comunitários, se esses projetos não assentam a escola, dificilmente esta, instituição já tão problemática em sua natureza, poderá encaminhar tais projetos;

creio que a produção de conhecimento indígena passa por uma antropologia nativa que deve desconstruir as máquinas de valorar do pensamento ocidental;

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