03 janeiro 2009



a produção de diferença
não será possível produzir diferença a partir da perspectiva comunicacional;
a diferença está em estreita relação com o agenciamentos;
o agenciamento pressupõe a alteração, propõe afetar os circuitos de comunicação e sobretudo os princípios que definem a linguagem;
sendo a linguagem em nossos circuitos geralmente definida por critérios de identidade e representação, por critérios sedentários da ciência régia, do saber-poder dos aparelhos de controle social de estado, imaginar a linguagem a partir e práticas nômades, de textos em constante construção, de processos de autoria sempre inacabados e de fronteiras subjetivas indefinidas [como propõe a imagem de subjetividade a partir de uma reflexão sobre a autoria, michel foucault, quando demonstra o usos da autoria em função de uma imagem pré-definida de subjetividade, com sua dimensão política já comprometida a princípio];

maria inês de almeida, tomando a tão cara expressão para a antropologia americanista de sociedades contra o estado, fundamental para traçar os princípios de uma antropologia que pudesse produzir conhecimentos de perspectivas diversas daquela patrocinada pelo estado em suas instituições e sua imaginação jurídica, propõe imaginarmos a escola indígena a partir de um conceito mais amplo de autoria, inspirado nas práticas dos indígenas acreanos e seus intercâmbios de conhecimento;
ela propõe a escola indígena que resista à retórica e aos discursos prontos das burocracias de estado através de sua textualidade, inspirando:se na idéia de textualidade de roland barthes, segundo a qual se destaca o caráter provisório, efêmero, de devir, nômade mesmo, do saber e da autoria indígena;

a produção de diferença e não um objetivo final de definir uma escola indígena estável;
trabalhar uma escola indígena diferenciada que possa acompanhar os movimentos nômades desses povos que, diferentes de nós, não se fixam em um território nem se imaginam como povos fixados a partir de um regime burocrático de estado;
sem dúvida que prosseguimos com ela, algo que constitui eixo central de nossa dissertação de mestrado, mas também o próprio foco da antropologia brasileira recente: as formas, estratégias, recursos com que podemos nos imaginar a partir dessas outras perspectivas e nos afetarmos a partir delas, nossos valores, princípios, pressupostos, etnocentrismos, verdades, nossa noção de justiça, de autoridade, de economia etc;
enfim, não se trata tanto de imaginar como podemos nos relacionar a partir de nosso ponto de vista e nossos conceitos e categorias com esse outro conhecimento e sua socialidade, quanto se trata de imaginarmos a potência, os recursos, as estratégias com que podemos afetar nosso saber e a socialidade que ele pressupõe;
a curto prazo, é evidente o vazio na universidade pública brasileira em torno da sua dimensão de extensão;
vivemos a experiência de alguns anos de debate na universidade de são paulo em relação às experiências de extensão a partir de um projeto multidisciplinar de atuação com indígenas guarani;
dessa experiência tiramos como reflexão sistematizada em dissertação um balanço das influências sofridas de ambos os lados, isto é, busquei tirar o máximo de conclusões em relação a o que havíamos assimilado dessa experiência de troca de saberes e experiências entre índios e brancos da universidade;

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