03 janeiro 2009



mas o que há de tão intrigante nessa simples assertiva...
hoje, para os indígenas, é claro o vínculo entre o projeto político-pedagógico desenvolvido para sua comunidade e os demais projetos em andamento;
a escola de hoje não é a escola de há vinte anos;
os indígenas amadureceram certa relação com certo estado que lhes permite ver a escola como parte de seu projeto de interação com a sociedade não-indígena;
não se vive mais o tempo das garantias territoriais;
vivemos hoje os tempos da gestão territorial em meio ao capitalismo financeiro globalizado;

pense-se, a escola não consiste numa instituição per si, num valor pré-definido, a escola pela escola;
para os indígenas a escola só faz sentido num projeto que a englobe e dê sentido;
um projeto de vida como dizem os ashaninka;
no entanto, esse é um limite para muitos dos indígenas, que quando chegam até esse ponto da argumentação, mordem o próprio rabo dizendo que a educação é um direito ou que a educação é uma compensação pelos males causados pelo contato;

só para nós e nosso sistema de linguagem e conhecimento que pode a educação assim como outras instituições, encerrar-se em si, desvinculado de outras dimensões da sociedade;

além do mais, como justificar a escola indígena funcionando desvinculada das demais experiências e instituições sociais;
afinal, os recortes da sociedades indígenas nem de longe correspondem aos nossos;
ainda que possamos definir campos como religião, educação, medicina entre outros, tais campos estão em outras relações, em outras interações;

esse automatismo do sentido, esse não:dito que sustenta as instituições em suas tramas discursivas são o modus operandi de nosso plano de transcendência;
essa dinâmica dos discursos e das instituições se constituírem como valor em si é algo típico de nossa episteme;

é interessante que isso chame a atenção desses mestres;

é interessante sobretudo que esse seja um problema levantado pelos ashaninka, que são o povo do devir-segredo por excelência;
os ashaninka parecem possuir uma capacidade extraordinária de perceber as coisas que querem escapar, que querem se esconder;
algumas coisas dos brancos parecem agir dessa forma e a antropologia ashaninka se especializa em perceber esses procedimentos brancos de cercar o adversário com seus valores;

esse automatismo parece operar como um pressuposto;

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