03 janeiro 2009



a escola indígena a serviço do diverso e do singular
assim entendemos a escola indígena, pelo lado da linguagem, do trabalho das formas sobre as consciências, a serviço do diverso e do singular; no entanto, resta a pergunta que tem levado a vários debates e que ações governamentais têm respondido com a tentativa de efetivar a municipalização das escolas indígenas: haveria um espaço, um lugar possível, em que as sociedades indígenas poderiam atuar com o estado, sendo contra o estado;
observando, de modo geral, a situação de contato das comunidades indígenas com a sociedade brasileira, podemos considerar que esse entrelugar, novo espaço em construção, é mesmo um espaço textual; o que é um texto... uma forma de organização que decorre de uma tensão entre a escrita que o atravessa e impede a cristalização do sentido e seu próprio limite enquanto enquadramento (fragmento de um dizer, que em si, é verdadeiro); o texto é um lugar que viaja, em deriva, assolado pelas inúmeras vozes que o assaltam;
o que a criação da escola indígena está tentando, já o podemos afirmar, é garantir um espaço em que as diversas línguas, linguagens e vozes se entrelacem sem eliminarem, nesse tecido, a precariedade do transitório;
apenas quando os índios puderem detonar, um a um, os sucessivos clichês e discursos do estado, das instituições, da escola, da ciência, da arte, é que eles poderão dizer que fizeram uma escola indígena diferenciada; qual aparelho burocrático, municipal, estadual, federal, poderá lidar com isso... com o inacabado do texto indígena... com o que não cessa de se escrever, e que é sempre passageiro...

maria inês de almeida, escola indígena: que lugar é esse... : povos indígenas o brasil (2001:2005)

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