03 janeiro 2009


enquanto maria inês de almeida propõe que se atue, crie, agencie uma escola indígena como texto em constante reescrita, ou seja, como prática textual e não cânone sagrado e imutável, regime legal, gilvan müller acena com a possibilidade de se imaginar a escola indígena e suas práticas criativas tomando mesmo a dinâmica da oralidade contra o chamado 'escritismo';

o nomadismo próprio da socialidade ainda tende a nos assustar;
nossa segurança ocidental, o espírito conservador que baseia nossas instituições assenta:se na concepção sedentária de nossa legislação, nossa economia, nossa ciência;

atingir o caráter sedentário de nosso saber, de nosso discurso burocrático que opera de sua base as estratégias bélicas de localizar e destruir, pois a segurança de nossa ciência, a garantia de suas verdades está assentada na tradição de conformar verdades herdada da hermenêutica religiosa, da hermenêutica jurídica que configuram a segurança da sociedade em face do estado;

essa necessidade de segurança, de previsão, que assola o homem responsável da genealogia da mora de nietzsche;

trafegar entre uma diferencialidade discreta, associada a práticas ingênuas e mesmo conservadoras (como as que tomam por objetivo a comunicação, a produção de textos 'informativos') e uma diferencialidade radical que passa rente aqueles abismos da ruptura de sentido, da linha de morte;

uma diferencialidade radical que não visa perder:se nem traçar regras;
uma diferencialidade inspirada na singularidade das falas ou de uma língua em lugar de a língua;

toda fixação de nosso pensamento, de nosso regime, de nossos recursos que podem enriquecer ou fortalecer a experiência indígena serão relativizados a partir desse nomadismo como estratégia/tática para afetar o saber sedentário de nossas instituições, discursos e intelectuais de estado;

da oralidade á música, pensamos em regimes e recursos que tracem linhas de fuga aos arsenais de conformação e controle, aos aparelhos de captura mais bem intencionados;

o perigo maior dessa retórica estatal consiste em sua lógica das boas intenções, que geralmente oculta, característica que compartilha com os discursos religioso e científico, sua lógica de poder, seu saber:poder, sua natureza política de centralização de poder, enquanto faz um discurso para fora, projetado como plano de transcendência, enquanto sua prática, seu plano de imanência, sua ação discursiva é ocultada;

o que há de antropologia do conhecimento, noção redundante, já que toda antropologia propriamente consiste numa relação entre conhecimentos, é tudo o que vai além de uma sociologia do conhecimento;
a antropologia nesse sentido é tributária dos processos de genealogia das categorias ocidentais que valoram esse conhecimento como instituição social;
não se pode tratar de conhecimento na perspectiva antropológica sem irmos direto para a desconstrução de categorias, de pressupostos, de princípios indiscutíveis, das verdades, dos não:ditos que projetamos ao considerar outro regimes sociais de conhecimento;

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