11 novembro 2008



ou seja, estamos diante de um tempo que nos proporciona uma vivência, uma experiência ambígua da liberdade;
se de um lado, a liberdade, sempre em relação à opressão da lógica ou da ordem transcendental, se projeta como hedonismo consumista, de outro proporciona uma vivência inédita da imanência, com o retumbante fracasso do projeto moderno representado pelo conservador imperialismo yankee;

acontece que as novas tecnologias: da mídia e da subjetividade, das novas forma do corpo [do corpo monstruoso ao corpo virtual da web] e das novas formas que adquire a mente ou o espírito, em experiências que podem bem caracterizar um pós-humanismo;
essas tecnologias potenciaram tanto o poder de destruição, de etnocídio, de conversão cristã, de homogeneização subjetiva na forma dos cidadãos, de súditos do estado, quanto potenciaram possibilidades de experiências de resistência;
isso porque, se de um lado as novas tecnologias podem servir para impulsionar o consumo e o conservadorismo das velhas subjetividades, das velhas formas de relação, por outro, por sua mídia, por sua própria experiência coloca em xeque essas velhas relações;
isso porque evidenciam-se experiências de imanência que colocam as verdades e a imagem da verdade positivista em questão;
experiências de multiplicidade, existências rizomáticas;
as mídias proliferam os rostos da celebridades por um lado, já por outro, condicionam experiências de estética da existência, de construção artística de destinos, de imbricação radical entre vivência e arte, entre experiência e pensamento;
isso através da reformulação e abolição de conceitos até então reguladores da relação vida/pensamento, conceitos que davam a perceber como distintos os elementos da relação arte/experiência, tais como obra, autoria, pesquisa, criação;
enquanto se pensava que o limite pudesse ser ainda o happening, a performance, o ready-made, o parangolé, a instalação etc o limite continua a colocar em questão, reformula a idéia de criação;

se a presença desses professores aqui hoje na universidade representa a sensação ambígua de caçadores caçados [de onceiros ameaçados pelos espírito da onça] por um lado, por outro, acredita-se também que eles estão aqui para afetar, para modificar o conhecimento de tradição ocidental, para caçar [antes de serem capturados] antes que sejam caçados;
pois assim é o conhecimento, no oferecendo facilidades e entendimentos, para nos roubar a breve oportunidade que cada homem terá de subir no palco da existência e gaguejar sua única e monossilábica fala;

pode não haver tempo para se proteger qualquer conhecimento ou algum conhecimento;
isso se esse 'conhecimento' for pensado como algo exterior, algo que não nos seja útil sobretudo para a sobrevivência;
o conhecimento com que se afetará as práticas de conhecimento acadêmicas, deve ser um conhecimento praticamente imperceptível quando não se souber em função de afetar esse outro saber;
um rápido movimento de perceber e experimentar esse saber, mas sempre numa perspectiva desconstrucionista ou num saber nômade, contraposto à ciência régia;
como funciona a ciência régia, pra quê funciona, como utiliza-lo contra ele, para afeta-lo;

portanto, ao mesmo tempo que o cerco se fecha e os recursos de homogeneização da diversidade proliferam, muitas das ficções universalizantes que sustentaram o avanço da modernidade evidenciam sua fragilidade;
é quando se escancara o nihilismo pós-moderno de um hedonismo consumista, visando abafar e neutralizar as práticas de liberdade que desmistificam os pressupostos do messianismo civilizador do ocidente cristão;

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