11 novembro 2008



minha parca experiência me leva a perceber nos ashaninka do amônia [e vislumbrar sua realização prática no centro yorenka antame] essa concepção de conhecimento e política, da relação entre conhecimento e política, uma postura [inédita ou não] de relacionalidade radical, de concepção de uma política da relação que não se deixa seduzir pela bizarria da identidade;
a concepção de subjetividade indígena está ocupada [não digo as práticas, a dimensão ritual, que aqui, nesse discurso identitário da auto-concepção indígena, acabam se justificando pela identidade, pelo 'reforço', 'fortalecimento' ou mais que o valha, que reifique a identidade]

o mais importante do centro yorenka antame é seu caráter de ecologia subjetiva, mais que a noção abstrata ou transcendente de conhecimento ou o interesse imanente no mercado de trabalho;
certo que todos esses discursos rondam a concepção do projeto do centro, mas não redefinem sua prática de transmissão direta de saberes, de suas práticas desburocratizadas, que possibilitam configurar relações institucionais diferentes daquelas estabelecidas no âmbito do estado;

os ashaninka vivenciam criativamente a experiência cultural, sua experiência da relação;
inter ou transcultural seria uma redundância, pois a noção de cultura pressupõe a relação;
isso porque a cultura se dá na relação, não existindo identidade abstrata, identidade que não seja: criada por alguém, segundo determinados interesses ou objetivos etc;
os ashaninka, a partir de sua inserção na política local, deslocou a polarização da relação brancos/índios, para uma relação minoritário/majoritário;
eles aboliram o branco genérico e redefiniram com isso sua concepção de subjetividade, sua prática política da subjetividade;
com isso sua concepção de índio não se manteve nos limites da identidade;
as práticas de vivência na floresta, de autonomia florestal, de resistência ao assédio das subjetividades urbanas, de ecologia subjetiva, de manejo e sustentabilidade redefinem as fronteiras da subjetividade indígena, que passam a se referenciar pela prática mais do que por qualquer essência: seja ela 'cultural', étnica, social, fenotípica entre tantos outros padrões identitários;

a idéia que os extrativistas elaboraram de si mesmos foi apropriada pelos ashaninka para expandir os limites da aldeia;
que limites são esses...

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