05 novembro 2008

eu acho que ‘etnografia’ e ‘outra coisa’ são na verdade a mesma coisa;
os dois problemas tratam da representação;
por isso a gente usa a idéia de subjetivação;
trocando em miúdos, a subjetivação não separa as idéias do mundo vivido;
é pra escapar desse dilemas que tratamos a subjetivação essa relação recursiva (e não dialética) de intervenção no mundo;
o pressuposto é que não há sujeito e objeto;
a escrita ou escritura é a sutura, é o que conecta linguagem e realidade num mesmo plano, que a gente chama de plano de imanência;
por isso, subjetivação não se pode contrapor, a não ser provocativamente ou na forma de paráfrase irônica, a uma eventual objetivação;
explicar ou interpretar mantém o problema da distinção entre ao invés de propor intervenções e outros agenciamentos;
por isso o nietzsche e o foucault vão detonar a interpretação (e com ela a hermenêutica, ciência da interpretação, dificuldade também de seguirmos com o cardoso de oliveira que vai nessa);
para explicar outras formas de relação entre mundo sígnico e mundo empírico, digamos assim, vem primeiro o estruturalismo que chega a propor o deslocamento do sentido (transcendência histórica: a verdade está nos fatos) para o significante, a relação entre significantes
como as clássicas 'interpretações' dos mitos do levi-strauss que deslocam o sentido para estrutura interna;
o negócio é que, a partir daí, acabamos caindo no pensamento selvagem e na implicação do saber ocidental sobre a prática antropológica o que acabou complicando um pouco as coisas, afinal falar do outro é uma coisa, já falar da relação...
o foucault por exemplo, nesse contexto estruturalista ou pós, vai buscar onde se encontram em nosso saber os pressupostos dessa relação de significação: a representação;
o latour dá um brincada legal com isso, mas não vejo muitas novidades;
o deleuze retoma a lógica em suas obras filosóficas principais (diferença e repetição e lógica do sentido);
daí a importância da lógica: para entendermos um pouco, ou melhor, para desentendermos nossos pressupostos em relação à prática representacionista que você problematiza em sua crise total;
está sendo muito legal trabalhar com graduandos indígenas
parece que temos que pensar mais rápido, desmontar nossos pressupostos com mais presteza;
e essa matriz da produção (do produto), que eu (assim como o deleuze e guattari, do antiédipo ao mil platôs) prefiro chamar agenciamento, é o que me interessa;
quer dizer, a matriz da produção do antiédipo: não existe interpretação, é sempre produção...que pode ser agenciamento...
não se trata de inventar idéias sobre os índios, mas de gerir as práticas criativas desses coletivos que são cada aluno e desse coletivo que são as etnias dentro da turma, desse outro coletivo que é a turma que são outros coletivos (as aldeias) que são outros coletivos (os povos indígenas) todos com relações fortes mas tênues (sem leis, sem estado, relações de parentesco, de interesse etc) entre si;
por serem coletivos minoritários, tem uma enorme potência de diferencialidade;
é nessa prática que eu vinha me aperfeiçoando em meus outros cursos, pra poder aplicar aqui nesse outro contexto, mais próprio para a criação dos agenciamentos;
as aulas são textos vivos
e agora que estou indo para as aldeias, coordenando essa criação coletiva, creio que devo me aprofundar nesse processo, nesses agenciamentos que nunca se esgotam em seus 'produtos';
o livro, que legal, quero ver...

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