11 novembro 2008


continua a escrever contra o pano de fundo daquilo que acredita ser, que acredita se agregar, se constituir como um substrato histórico;
essa história se ancora nas histórias de vida;
as histórias de vida dos indivíduos [essas ficções da subjetividade] é que legitimarão o hoje tal suspeito discurso histórico-antropológico;
alheia à própria obra e sua recursividade, a autora neutraliza sua participação na construção desse processo de emergência;
com isso, toda a possibilidade de dobra da antropologia sobre si mesma, da antropologia se questionar, se desconstruir em ato é dragada para traz do palco histórico em que desfilam os personagens dessa narrativa histórico-antropológica;
assim, toma a cena novamente a narrativa clássica, que poupa o narrador e o escritor dos problemas dos personagens, que possibilita mesmo a neutralidade que legitima a narrativa;
para isso serve a retórica histórica, para dar legitimidade ao discurso;
no entanto, desde a modernidade, o leitor, que já passara pelas crueldades dos autores do século dezenove, é por definição, um leitor desconfiado de seus narradores;
é claro que as exceções se abrem nos casos de leituras jurídicas ou outros positivismos afins;
aí se pode com todo direito, e alguma satisfação, obliterar-se do campo enunciativo e manipular os personagens a bel prazer;
enfim, toda manobra feita pelo destino para a composição de uma obra única, é desprezada como matéria de literatura antropológica;
talvez, de fato, não seja o caso de tratar aberta ou explicitamente do acontecimento, mas isso não justifica retornar à narrativa histórica anterior;

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