16 outubro 2008

que se imagine o poder d/e estado como esse ordenamento das perspectivas, como essa unificação ou convergência do uni-verso, essa guerra de pontos de vista, esse embate de interpretações [remetendo a nietzsche];
a mídia então deixa de ser imaginada como instrumento do estado para se definir aí como o próprio estado, como o meio em que os discursos de estado se constituem enquanto tal, investidos de força política ao aterrorizar o social com sua onipotência;
nem por isso quero dizer que a única forma da mídia seja essa liberal que historicamente se configurou no brasil como extensão das palavras de ordem da ditadura;

e aí, são tantos os sentidos da liberdade quantos são os da verdade;

se, de um lado, a mídia liberal defende a diversidade do mercado, desprestigiando qualquer outra imprensa não-liberal, por outro lado, qualquer defesa do liberalismo converge [de qualquer forma] para o totalitarismo capitalista travestido de fraternidade global e liberdade universal;
estranha apropriação que se fez da noção de liberdade, por um lado, liberalidade, e de censura de outro, quando se deduz como censura o controle social da mídia, a força dos movimentos sociais ou setores públicos de comunicação mass-mídia;
de qualquer forma, por um lado se propõe um diversidade que conduz à unidade massificada do consumo controlado, de outro se ataca uma convergência que resulta ela mesma em diversificação de perspectivas e multiplicação de possíveis;

enquanto isso, o monopólio e as concessões são obliterados e se chama a atenção para o caráter economicamente saudável da concorrência e da propaganda comercial;
é assim que toda pseudo-diversidade afirmada numa imprensa de mercado, ou seja, propaganda, converge para o controle de informações do império 'democrático' da 'liberdade';
a disputa consiste então numa concorrência pelo embuste, pelo autoritarismo que melhor se maquia de 'democracia';
a propaganda do liberalismo fala então em nome de uma liberdade que converge igualmente para uma unidade, uma ordem;
o que ocorre é que aqui o serviço é tão bem feito que as traves ficam por trás dos olhos e não se enxerga aquela censura que bradam os publicitários contra regulamentação de publicidades para drogas lícitas;
o problema não é bem a censura ou o autoritarismo, mas que ele seja praticado de forma que se perceba que ele exista;
o resultado é toda uma indústria do embuste que precisa ocultar o autoritarismo, a falsa democracia, a verdadeira censura dos movimentos sociais em favor de um mercado cada vez mais competitivo, leia-se nefasto, a violência do estado herdada do espírito militar da ditadura, a formatação subjetiva da renúncia massiva à liberdade etc;
isso para que se sustente uma idéia de liberdade abstrata, para que se sustente um autoritarismo mudo, em que não se encontra meios ou expressão mesmo sendo de uma violência onipresente;
isso para que se mantenha uma unidade que consiste na mesma unidade que a colônia precisava manter para convencer [e converter] os nativos;
por todos os lados, o estado produz discursos que visam reforçar essa unidade, capturando para tanto toda a diversidade de discursos, inclusive e principalmente, aqueles produzidos contra ele;

assim, da mesma forma com que liberdade se reduz a liberalidade, verdade se define como controle de informações, processo que encontra um largo rastro nas tradições do que entendemos ser o pensamento ocidental;

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