31 outubro 2008

minha cara
suas provocações são melhores que as das yawanawá...
e olha que elas são terríveis...
bom, provocações a parte
que posso dizer...
que estou tentando, há tempos, engolir esse caroço;
o que você chama de etnografia, que estaria faltando nos escritos, é fruto de um trabalho de muitos anos de delicado e minucioso manuseio com o que acredito que possa nos proporcionar uma forma de escrita ou literatura ou sei lá o que, que roça a antropologia;
se fosse para fazer antropologia seria antropólogo e, quem sabe, você não gostasse de mim, supondo que você goste, de mim ou pelo menos de criar comigo ou ao meu lado...
a conversa é séria, remete ao meu mestrado e sua impublicável dissertação;
meu orientador me via cruel com o leitor;
e ainda tem aquela história da maria cecília na minha banca, que disse, referindo-se ao título da dissertação (o que se ouve entre a opy e a escola?): mas onde está a escola aqui que eu não encontrei?
mas está aqui, disse eu apontando para o auditório da universidade, estamos nela, completei zen;
e ela procurando a escola indígena durante todo o texto e não percebeu que eu me referia à escola-universidade-dissertação e todo o plano de imanência que fazia rizoma com o texto escrito-lido por ela;
pois é, não tenho jeito, não tenho queda para etnografias;
a propósito, não tenho queda para nada que cheire, de longe a jornalismo;
amargo, inclusive, certo remorso por uma ou outra decaída;
e já que estou meio poético - ou seria caquético - rimou!
dou-te um piparote, digo, uma poesia, e adeus...


a poesia está guardada nas palavras
- é tudo que eu sei;
meu fardo é o de não saber quase tudo;
sobre o nada eu tenho profundidades;
não tenho conexões com a realidade;
poderoso para mim não é aquele que descobre ouro;
para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias,
do mundo e as nossas;
por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil;
fiquei emocionado e chorei;
sou fraco para elogios;

manoel de barros



ps.1
em tempo...
o tema do excerto é
entre o objetivo discurso etnográfico
e as implicações do pensar indígena
– desdobramentos –

ps.2
já mais objetivo...
essa conversa de disputa por, guerra, expropriação ou pilhagem de conhecimento...
não está te lembrando nada...
acho que quero roubar
(a propriedade é um/o roubo)
alguma coisa sua...
'ação' entre amigos...

Visitor Map
Create your own visitor map!