21 agosto 2008



é interessante notar a dificuldade que se tem para pensar o ensino médio indígena, dado o caráter político que ele implica, caráter este que nos acostumamos a varrer de nossos debates, principalmente em educação, onde a tradição freireana deu lugar a uma linguagem povoada de conceitos voltados para a área da administração;
essa despolitização tem sido alcançada devido ao modelo de organização da educação, centrado na gestão de recursos, prestação de contas, e, em razão disso, mais desvinculado dos processos políticos que envolvem o processo de educação;
com isso, a educação se reduz cada vez mais a um problema de mercado de trabalho, de formação técnica etc;
é importante marcar que quando se fala de gestão estamos nos encerrando no território de um técnica que possui um horizonte político determinado;

ainda que a ecologia tenha se tornado um dos mercados mais promissores desse início de século, evita-se tratar os princípios do modelo de desenvolvimento capitalista;
conceitos e palavras que circunscrevem esse processo são banidas dos circuitos cotidianos e oficiais tais como: capitalismo, ideologia, alienação entre outros;
isso porque de fato o modo de funcionamento do plano de transcendência é o de dar a ver sem ser visto;
assim, circunscritos à mentalidade positivista, renunciamos a qualquer coisa que nos escape, que não se projete nos velhos recursos da história, no teatro e nos personagens da história;
dessa forma, a ecologia em lugar de utilizar seu impacto para colocar em questão o regime capitalista, vai esfriando politicamente e sendo neutralizada como mercadoria;

neutralizar politicamente os discursos, destacar seu caráter técnico/objetivo e seu valor de troca, seu lugar na mídia;
o vínculo direto dos ensinos médio e superior indígenas com a política consiste no caráter político o conhecimento, que tem tentado ser confundido com demandas de estado;
no entanto, a definição de saberes e políticas devem ser desenvolvidos pelos movimento sociais, movimentos esses que precisam estar organizados em torno de seus projetos;
o projeto educacional indígena entregue nas mãos do estado tende a ser neutralizado politicamente e se tornar meio de disseminação do regime capitalista dominante no brasil, em lugar de projetos que se voltem aos planos de futuro dos indígenas que convergem na revitalização da cultura e na constituição de alternativas econômicas ao capitalismo;
se não enxergarmos a tempo a incompatibilidade de procedimentos entre estado liberal e coletivos autônomos e insistirmos em colocar sob a responsabilidade do estado a elaboração de projetos [etapa fundamental no amadurecimento dos movimentos sociais] vamos continuar com iniciativas de fachada, neutralizando o teor político desse discurso social para produzir mercadoria para o capitalismo;
se não nos constituirmos como máquina de guerra cedemos aos aparelhos de captura;

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