21 agosto 2008



creio que não se trata de questão de fórmula ou modelo;
não se trata de apropriar o modelo do projeto de autoria, mas de entender seus princípios e pesar se eles convergem;
não vejo espaço para o construtivismo no âmbito de um projeto político neoliberal assumido, em que a educação se reduz à formação técnica para o mercado de trabalho desprovida de sua dimensão política minimamente humanista, o que deveria ser direito garantido por um estado democrático se eu acreditasse em direitos;
isso a despeito de meus 'amigos otimistas';
quanto aos coletivos indígenas, vejo a mesma vontade neoliberal do poder aquisitivo e do poder político, do mercado de trabalho e do consumismo, do assistencialismo;
no entanto, não vejo os índios 'quererem' deixar de ser índios, ainda que em grande parte esse complexo de vontades, de processos de subjetivação que articula formação/educação, consumo, trabalho etc seja também deixar de ser índio na prática [o que muitas vezes vale mais que querer ser índio na intenção [isso pra simplificar pois esse querer a cultura está intrinsecamente com um mercado de subjetividades nada inocente como muitas vezes pode fazer parecer]];
como se vê, não estamos satisfeitos com dualidades explicativas e sua cadeia de pressupostos;
em lugar disso, perseguimos implicações problemáticas;
vemos nesses coletivos espaços e aberturas para uma política de conhecimento diversa dessa nossa ciência de cartas marcadas;
enquanto abdicamos cada vez mais radicalmente do caráter político do conhecimento, insistindo nas trevas passadistas do modernismo positivista travestidas em nossa educação técnico-lógica, as questões de uma política de conhecimento indígena [envolvendo os campos tão diversos quanto complementares da educação, tecnologia, saúde, cultura e tradição, agroecologia, gestão social e territorial] vão ganhando força com sua articulação nesses múltiplos e pequenos projetos de gestão local;
ainda que o assédio da tecnicização burocrata travestida de modernização neo-liberal acredite ter nos índios fiéis agentes de estado, está para ser encontrado o curare dogmático que enternecerá a inconstância dessas nobres almas selvagens;
nesse campo fascinantemente problemático, acreditamos ainda em alguma eficácia de práticas inspiradas em princípios construcionistas que possam vir a repercutir no marasmo fundamentalista herdado via cultura judaico-cristã;


o construcionismo não só não se presta a usos conservadores como possui, em relação a nosso contexto moderno e liberal, uma natureza libertária;
ainda a nossa idéia de verdade;
os conservadores nos arrastam pelas ventas, nos conduzem com seus pressupostos tapa-olhos;
e seguimos eternizando nosso provincianismo defendido a unhas e dentes;
não houve independência que não fosse posse oficial do império;
da mesma forma, o nosso desenvolvimentismo democrata não deixa a dever aos paus mandados do império que instituíram o banditismo dos militares golpistas;
nossos homens de saber ainda são parnasianos conselheiros acácios;

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