11 julho 2008



richard: você segue acreditando na imagem do intelectual como agente subversivo, capaz de turvar o discurso institucional do saber e do poder;
quais seriam então as novas estratégias para combater os sistemas de autoridade, quando as relações entre marginais e instituições tem sido reterritorializadas por manobras cada vez mais compexas e persuasivas de incorporação do alternativo ao traçado hegemônico;
guattari: em lugar do intelectual com letra maiúscula, penso no desenvolvimento de dispositivos intelectuais coletivos;
a intelectualidade e a sensibilidade se desenvolvem sempre mais no corpo social, são convocadas a ter um lugar cada vez mais importante;
o tempo do intelectual guia ou do intelectual orgânico já passou, e está muito bem que seja assim;
agora virá o tempo da intelectualidade experimental, criadora, que influencia por sua eficácia real;
não há que temer as recuperações, as revoluções moleculares são sempre recuperadoras , mas vão sempre mais adiante;
o alternativo, o menor, o dissidente se reencontram constantemente no interior do processos criativos;
os poderes recuperaram muito o desejo, mas o desejo está em condição de escapar sempre quando dispositivos maquínicos lhe permitam desdobrar suas dimensões ontológicas próprias;
richard: uma pergunta para contextos de transição democrática: como repensar o tema da relação intelectual-instituição, não mais no sentido oposicional da estrita negatividade [o intelectual necessariamente contra as instituições e esta sempre repressiva], senão das condições de inserção crítica do intelectual no manejo institucional;
como contribuir com novos gestos que flexibilizem a insttuição e a tornem mais audaz e criativa;
guattari: se dissociamos a função coletiva da intelectuaidade da individuação ou personificação do intelectual, é possivel, então que este veja seu impacto pragmático escalonar-se/distribuir-se em diferentes níveis;
o professor, o pesquisador, o escritor, o artista, estão sempre mais ou menos implicados em funcionamentos institucionais;
agora, mais que se implicar vergonhosamente, é preferível assumir essa implicação em um plano ético-político;
o intelectual não dispõe de nenhuma preeminência frente aos demais atores sociais ou microsociais;
as instituições são máquina autoconsistentes que possuem lógica própria;
como torna-las inteligentes e sensíveis;
como reirigir sua ação no sentido de uma ecologia social e mental liberada do laminado capitalístico;
estas são perguntas que se faz a 'análise institucional' à qual se poderá associar o 'intelectual analítico';

1991

Visitor Map
Create your own visitor map!