04 julho 2008



não se trata de preciosismo intelectual;
os limites políticos do relativismo, limites de sua possibilidade de construção de conhecimento são evidentes numa área dominada pelo conservadorismo político e científico como é a medicina ou a saúde;
essa área só raramente vem à tona como um problema político, como um debate referente à questão de paradigmas de conhecimento;

nosso relativismo cultural permite aos índios uma educação diferenciada, mas não uma saúde diferenciada;
é interessante que a educação seja uma área que a esquerda penetrou e a saúde continua na mão da direita;

não se trata apenas de dividir instâncias decisoras, de ser politicamente correto dividindo o cargos com os indígenas;
essa inclusive é uma estratégia que a saúde definiu para se tornar mais forte e para fortalecer seu modelo e sua concepção de saúde: dividir o poder para conserva-lo, para manter a natureza desse conhecimento;
trata-se de se concentrar sobre o ponto de articulação entre saber e política;

constata-se aí o limite do relativismo que nos possibilita conceber uma política de educação indígena, desde que ela não pretenda ser séria e não queira propor políticas em áreas científicas como a saúde;
o procedimento de mobilização em torno dessa questão deve evidenciar tais pontos de articulação;
essa questão levada para a escola e transformada em tribuna de debate sobre o reconhecimento dos trabalhos de parteiras e pajés;
daí para um debate sobre as concepções de saúde e doença, de corpo e alma, concepções que devem encaminhar novamente a questão ao modelo de sociedade e ao regime econômico capitalista;

a medicina não serve apenas para promover a saúde;
a medicina consiste numa prática de controle social do estado;

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