03 julho 2008



não há mistérios em descobrir
o que você tem e o que você gosta
não há mistérios em descobrir
o que é e o que você faz...
nação zumbi

operar na chave comunicativa em educação é trabalhar/articular palavras de ordem;

levar ao limite o princípio paulo freire de politizar o conhecimento pela ação de conhecimento, pela produção social de conhecimento, pela desmistificação de uma imagem transcendental do conhecimento assentada em pressupostos;
esse limite equivale a desmistificar radicalmente a idéia de aquisição de conhecimento;
essa 'aquisição' equivale à linguagem comunicativa;
a aprendizagem não é aprendizagem de conteúdo, ou melhor, a função da aprendizagem de conteúdo visa ocupar com práticas conservadoras de controle o espaço de possíveis práticas políticas de construção de conhecimento libertário, práticas de subjetivação voltadas contra os processos de homogeneização das subjetividades capitalísticas;
portanto, a imagem do conhecimento por aquisição de conteúdos cumpre a função de reproduzir valores, subjetividades, pressupostos;
fazer da definição/identificação de projetos o primeiro ponto a ser definido na produção do conhecimento;
o ponto de partida da construção do conhecimento não é um plano abstrato e neutro de valores para o exercício de práticas virtuais e abstratas;
o seu ponto de partida consiste uma intervenção no projeto político do coletivo envolvido na construção do conhecimento;
a imagem do conhecimento sustentada pelas disciplinas baseia-se numa noção de conhecimento abstrato, neutro, que parte de um construto abstrato da realidade, do mundo [o qual ela mesma visa re-afirmar em círculo vicioso];



não que vá reafirmar o que eu já sei ou o que eu já sou, o que eu vou construir ou operar com o conhecimento é desconstrução, a desmistificação de verdades ou de uma imagem da verdade sustentada por pressupostos que assumo ou que me arrasta na corrente do senso comum;
por isso a imagem da aquisição de conteúdos, que deverão invariavelmente levar-me a me dar bem, que povoa nosso senso comum com subjetividades capitalísticas, cumpre função central nessa economia de conhecimentos oficial;
por isso trabalhar com procedimentos genealógicos de desconstrução de valores e pressupostos visando combater os cacoetes ou miragens do positivismo;
em lugar e projetar uma imagem abstrata do conhecimento universal como herança universal, singularizar o conhecimento como processo aplicado, em ação;
suprimir seu caráter comunicativo e centrar fogo em seu caráter de agenciamento processual;
não trabalhar com a imagem do estudante como depósito abstrato de competências abstratas e a priori, modelo que funciona na chave da formação técnica para o mercado de trabalho;
os motivadores de um projeto político comunitário não são, nem podem ser os mesmos do mercado capitalista;
por isso se faz necessário de partida desconstruir o discurso educacional/pedagógico justificado em bases científicas, o discurso competente da pedagogia oficializada que visa definir uma imagem do conhecimento a partir de uma educação voltada para o abastecimento do mercado de trabalho e a reprodução e auto-afirmação do mesmo capitalismo que forja esse próprio discurso;
as competências deixam a cena, deixam de consistir num fim em si mesmas [ou mesmo num meio visando o abastecimento desse mercado e reprodução de sistema de produção] para servir de meio no processo de construção do conhecimento, que tem a direção política determinada em planejamento coletivo, parte fundamental do processo de conhecimento: por que e para quê aprender;
assim, inverte-se a importância dos processos e a tirania do discurso pedagógico universalizado se vê submetida ao projeto político comunitário, o qual passa a constituir dimensão fundamental do processo de conhecimento como prática de subjetivação;
o macrocosmo que define a socialidade no capitalismo integrado mundialmente contrasta com a integralidade e a a possibilidade de autonomia de socius que se contrapõem ao mundo ocidental, contraposição essa menos por uma afirmação de diferença anti-capitalista e mais pelo próprio mito de criação da modernidade ocidental que se vê evoluída e, portanto, distinta dos selvagens ameríndios;
esse microcosmo não precisa se voltar também ele para o centro de convergência que é o mercado capitalista, iludido pelo mito de origem ocidental que constrange os outros povos a evoluir para alcançar suas conquistas sobre a natureza e os homens ou restar em sua desprezível selvageria;
esse microcosmo, de saída, consiste num ponto de vista extraordinário sobre a sociedade hegemônica, numa perspectiva privilegiada para uma desconstrução dos seus aparelhos de manutenção;
esse olhar de fora, da superfície ou da margem possibilita circunscrever a auto-referencialidade da sociedade ocidental, especialmente em sua economia discursiva, na produção e manutenção de valores e sentido;


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