18 junho 2008



quem me diz que esse pessimismo não faz parte do consenso generalizado que prega e propagandeia o fim e a insanidade de toda resistência;
certo que se estabeleceu um consenso derrotista por uma esquerda que viu seu universo unidimensional e sua prática conscientizante ser absorvida pelo mercado com mais facilidade que movimentos de adolescentes suicidas, com a diferença que o estrago destes não se compara com o mercado das utopias e dos movimentos sociais tornados em políticas públicas e que nos mass mídia tornaram-se referências cada vez mais ridicularizadas;
para nadar contra a corrente é preciso não se deixar levar pela correnteza;
não se trata de velhas utopias, isso por que as velhas utopias que puseram à venda os seus sonhos também quiseram nos enganar, como se não percebêssemos que seus pressupostos, seus ideais, seus processos partilhavam a mesma natureza de seus supostos inimigos;
bom serviço prestaram os utopistas ao status quo capitalista: limparam o terreno para os que podem resistir nesses novos campos de batalha;
trata-se mais uma vez de enfrentar e deixar em pedaços os consensos, as certezas diante da 'realidade dos fatos';
escapar aos consensos com a linguagem cotidiana: o verbal, a narrativa conservadora, a linguagem da propaganda, o representacionismo das artes, a educação crítica e conscientizadora;
e escapar daquilo que estaria acima de qualquer suspeita: da nossa estrutura psíquica egóica, da nossa vontade de poder travestida em vontade de potência, do poder libertador da arte;
colocar a prova nossos próprios totens: a arte tornada mercadoria ou a arte como aparelho de estado;
como lidar com essa arte, com esse peixe que vendemos...
para não se cair no maniqueísmo simplista do ressentimento, pois o outro sou eu;
se não se pode escapar ao capitalismo, nem por isso toda inserção nele permanece equivalente;
como utilizar o capitalismo contra ele mesmo...
quais as possibilidades de continuar a resistir...
especialmente pequenas possibilidades, nas mínimas relações, nas relações consigo mesmo;

e o que não é mais arte...
o que já não é mais ritual, mas o que deixa de ser ritual para não se tornar arte...
o que [e como] escapar ao complexo de midas, que a tudo torna mercadoria;

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