18 junho 2008



fazer antropologia no brasil dos anos sessenta com o referencial marxista e fazer antropologia hoje são duas coisas muito distintas;
nessa época desenvolve-se uma antropologia marcada pela visão do estado sobre as sociedades indígenas, tratava-se de resolver o problema do estado;
hoje o que se procura mesmo é romper com essa perspectiva única que procura encaixar esses grupos na história das sociedades ocidentais;
a própria noção de história é marcada por esse processo, ela própria é opressora em relação a essas outras possíveis histórias;
por isso não se trata de reduzir tudo ao ocidental, mas de combater pela diferença;
trata-se de trabalhar com processos de subjetivação pós-históricos, que percebam a história como esse aparelho de captura, percepção essa que consiste na busca por outros desdobramentos subjetivos que escapem aos trilhos da história e seus modelos subjetivos;

mas como romper a perspectiva de estado fazendo um trabalho de estado, assessoria, numa área de estado por excelência, educação;
trata-se de não fixar a subjetividade desses personagens, pois se os próprios indígenas podem se tornar agentes de estado, por que não se pode desenvolver uma política educacional de estado que assuma características de contra-estado, por que essa política não pode ser pensada em função das linhas de fuga em relação ao aparelho de captura da educação e seu regime de valores;
em lugar de operar com as grandes consensualidades, os grandes pressupostos implícitos que referencializam campos gravitacionais de práticas subjetivantes, trata-se de operar na desconstrução dessas noções;
subverter aquelas práticas que se observa estarem de alguma forma articuladas com os procedimentos de captura;

o capitalismo não possibilita processos subjetivantes que lhe escapem;
a noção de liberdade do capitalismo e do estado neoliberal redunda em noções como liberdade de imprensa ou de mercado;
essa liberdade restrita exclui a liberdade em relação aos processos de subjetivação, em relação a processos de subjetivação que escapem aos modelos subjetivos dispostos no mercado de subjetividades;

trabalhar com os povos indígenas não consiste simplesmente em buscar um ideal transcendental no passado para estabelecer programas de subjetivação;
trata-se, por exemplo, de se trabalhar a partir da conjuntura problemática que se tem, como nas práticas subjetivantes com que o mercado assedia os jovens indígenas com os valores homogeneizantes dos brancos, com passes livres para usufruir os bens de consumo;
a partir desse contexto problemático trata-se de pensar processos de resistência calcados em práticas coordenadas os projetos de resistência que afirmem territórios existenciais possíveis para processos de subjetivação;

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