05 junho 2008



acho muito interessante essa parte;
sinto falta da micropolítica desse processo, algo que sempre me interessou;
não se trata de nomes de pessoas, mas de uma descrição da atuação da prefeitura e do poder público para a desmobilização dessa categoria e de sua socialidade;
o caso das escolas é interessante, mas mais interessante são os valores que apoiam o discurso de uma prefeitura ou de um estado e que fazem sentido pra essas pessoas, a imagem do futuro configurada nesse discurso do estado;
a relação de dois modelos: um que pode ser dito responsável socialmente e comunitariamente viável e outro capitalista que se mostra inviável;
como o estado sustenta esse modelo insustentável ambientalmente e inviável socialmente...

acho que isso seria indissociável de uma crítica do discurso e das práticas subjetivas capitalísticas, bem como por outro lado da descrição tensiva [ou em tensão] das subjetivações anti-capitalisticas e contra-estado [visto que o estado brasileiro pós-ditadura se define por uma conservadora política neoliberal;
no entanto, o objetivo não é a macropolítica de uma crítica ao governo, mas a descrição micropolítica da ação do capitalismo neoliberal nas práticas subjetivas das políticas públicas e sua intolerância em relação a modelos alternativos de subjetivação bem como o seu processo de mercantilização do ecologismo, da indianização e outras subjetivações possivelmente contra-capitalísticas;
demonstrar como as políticas públicas evidenciam uma articulação entre as práticas do estado e os valores do mercado, demonstrando como funciona essa prática e apontando os desafios de movimentos que visem futuramente traçar linhas de autonomização em relação ao estado;
por exemplo: demonstrar a importância de uma autonomia subjetiva e as armadilhas de ela se tornar mercadoria e ser colocada no circuito capitalista;
lembre-se aqui o contraste entre o prgrama da rede globo sobre o acre e a falência atual, atestada pelas principais entidades e personalidades do meio, do modelo de organização extrativista para uma possível resistência ao modelo agropecuário de seus adversários, os paulistas;
pois é, os acreanos teriam virado paulistas...


talvez esteja discordando de você, mas vamos lá...;
coloco o problema: você coloca o problema da reserva: cita a prefeitura mas fica na citação;
que a reserva esteja encaminhando a modificação do perfil dos moradores: por isso que sinto falta daquela análise micropolítica, para construir máquinas que simulem a ação do estado neoliberal contra o modelo de autonomização política e social dos extrativistas até então seringueiros;
não gostaria de ficar na crítica passiva do estado, culpando o ibama por ter tirado o corpo fora quando viu a chegada dos abutres;
para mim a ação mais interessante do estado foi a sabotagem da política partidária local, mas sem responsabilizar pessoas, e sim simular o processo;
gosto da descrição das eleições mas a considero muito sutil, penso que se poderia com a mesma técnica irônica adentrar em outros processos, trabalhando a abordagem antropológica;


certo que as pessoas aceitaram e trocaram o projeto da reserva pelo projeto da política local, mas não me interessaria reafirmar isso em meu texto, e sim seguir lutando com a evidenciação de como opera o estado, que foi, admito, pelo lado federal, distante e omisso, mas por outro, pelo local, que mais me interessa, agiu ativamente na desmobilização de uma socialidade que escapava de seu domínio;
meu problema não é com a ausência do estado (ibama etc), acredito que coisas muito criativas podem ser criadas sem a intervenção do estado, diria mesmo que o estado tolheria a criatividade;
penso que algo de muito interessante possa ser tirado de uma análise desse processo de crise que atravessa a reserva;
não sei se ele servirá para revitalizá-la, quem sabe..., mas ele servirá para conhecermos melhor como o estado neoliberal opera a desmobilização de iniciativas populares de organização social diferenciada;
vejo nessa abordagem um link legal que possa ser apropriado em processos de resistência das socialidades indígena como processo anti-capitalista que me interessa e que faz barricada contra esse processo estatal neoliberal que tomou de assalto a governança da reserva;
penso ser necessário o texto não lamentar, mas funcionar para simular a operação desses aparelhos de estado que tem sido implantados, inoculados na reserva para minar suas fontes de força, seus valores, seus processos de subjetivação;
visando outros grupos, tais como os indígenas que vivem o momento de planejamento da gestão de seus territórios [os quais já vem sendo formatados com a 'ajuda' do estado] em tempos de hipercapitalismo e de estado neoliberal, penso que pode ser muito válido o trabalho de mapear as formas, os processos de ação do estado, de cooptação, as maneiras como ele se apropria da linguagem e da dinâmica do capitalismo para operar o desmembramento/esfacelamento das socialidades e das forças de solidariedade, geralmente estabelecendo frentes nos valores desses povos;
um bom exemplo é o dos benefícios do estado que são facas de dois gumes, pois operam com valores ilusórios ou valores que vão de encontro aos valores que unem os grupos em torno de um projeto comum;
é assim que o estado, apenas ajudando com seus benefícios, faz para sabotar os projetos coletivos e seus processos de subjetivação, que fogem do controle dos processos subjetivantes de estado;

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