19 maio 2008



uma concepção do conhecimento pressupõe uma concepção da linguagem;
por exemplo, a generalização do conhecimento positivista como forma do conhecimento por excelência [conhecimento universal] só é possível por pressupor, por sustentar-se numa concepção de linguagem que pressupõe essa relação de positividade entre palavra e coisa, um imagem da linguagem que pressupõe um mundo a ser enunciado, em que o mundo como referente sustenta o sentido da linguagem e estabelece fronteiras criativas para ela;
o realismo é cria do positivismo no sentido de que este faz dele um estatuto para limitar a linguagem ao mundo pré-concebido, a um mundo [de sentido] que deve ser confirmado, ou seja, reafirmado como o faz o discurso científico;
nesse sentido que o discurso científico, assumindo sua função de ordenar o mundo, configura-se como agente da ordem social nas disciplinas que consistem na apropriação da positividade desse discurso em função de uma imagem do estado, da nação e dos cidadãos de direito;
enfim todo o trabalho de estabelecer as fronteiras da cultura, do indivíduo etc;
todo o trabalho de projetar a ontologia antiga no laico pensamento moderno, adaptada pela escolástica que configura nossos valores morais;

amaldiçoado, o devir não encontra lugar para ser representado nesse quadro;

esa maneira de dispor o discurso em função da redundância: redundância dos valores, do sentido do mundo ou do mundo enquanto sentido, redundância da forma de subjetividade pressuposta no conhecimento, na linguagem e vice-versa;

os pressupostos da lingüística, que só são questionados em seu caráter informativo, de positividade, de relação simples e direta entre palavra e coisa, para ser pensado nos termos comunicativos de uma intersubjetividade que sustenta o sentido serão questionados aqui não a partir de relações que ainda sustentam um mundo transcendente à linguagem que demarque seus limites;
os regimes de signos definem mundos possíveis, mas como funcionam, com que categorias funcionam esses regimes...;

a linguagem se configura em funções conservadoras que definem sua manutenção enquanto língua;
mas o que a define são as funções associadas à parole, à fala, à diferença;


finalmente entendo agenciamento coletivo a partir das noções de discurso indireto [e livre] e de sua extensão ao conceito de polifonia bakhtiniano;


o que interessa é menos 'o que quer dizer exatamente a palavra de ordem', e mais, o que é compor uma contra palavra de ordem, uma utilização da linguagem que não seja a da palavra de ordem, ou seja não o que eles estão dizendo e sim o que estão fazendo;
em que consiste esse fazer...;


eduardo viveiros de castro trata essa questão nos seguintes termos: 'o que significa dizer que os animais são gente';

o problema da ritualidade tratado na dissertação também opera com essa ruptura entre um falar que pode ser repetido e um fazer que constitui um acontecimento;

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