19 maio 2008



sempre tendo por referência a questão das fronteiras étnicas, os critérios de definição positiva ou relacional dos grupos humanos, tema que consagrou sua antropologia, barth, ao abordar o conhecimento, ao tomar o conhecimento por matéria antropológica propõe uma questão interessante por diversos ângulos;
afirmando a necessidade de uma quadro téorico único:
o quadro teórico que defendo parte das noções de uma sociologia do conhecimento que ajudam a esclarecer o modo pelo qual as idéias são moldadas pelo meio social em que se desenvolvem (barth, o guru e o iniciador);
primeiro passo, portanto, a sociologia do conhecimento;
segundo passo:
precisamos, todavia, transformar isso em uma 'antropologia do conhecimento' que seja capaz de lidar com materiais culturais heteróclitos e com uma ampla gama de organizações sociais, para poder retratar as condições da criatividade dos que cultivam o conhecimento, bem como as formas que daí decorrem (op.cit.);

nessa enfiada programática, em que nos submete uma seqüência de 'palavras de ordem', barth propõe estender para o plano do conhecimento algumas de suas teses sobre as fronteiras étnicas;
dada a especificidade do tema: o conhecimento e sua transmissão, espalham-se rizomas;

diante da refutação do difusionismo ou, melhor dizendo, do impasse da definição positivista da etnicidade, barth propõe uma [não menos positiva] definição relacional;
não se salvara a história com a dialética, salva-se então aqui a identidade étnica, que passa a ser estabelecida assim a partir de critérios relacionais;

a sociologia do conhecimento coloca um problema crucial para o pensamento sociológico positivo: a relação do conhecimento com a economia política, seu papel no estabelecimento de valores, verdades, critérios;
o conhecimento é colocado em xeque devido a toda a ideologia que o perpassa e o constitui;
como distinguir o conhecimento ideológico, utilizado como aparelho de estado, como manuntenção da alienação e o conhecimento crítico, dialético;

nesse quadro se desdobra a crítica sociológica ao conhecimento, que inaugura [de certa forma] o espírito epistêmico que consiste na mais substancial herança do século dezenove para o vinte e um;

o determinismo como forma da relação entre o conhecimento e meio;

formula-se uma perspectiva ainda marcada pela transcendência que caracteriza a positividade do historicismo;
essa é uma característica que persiste na concepção sociológica seja do século dezenove, seja do século vinte e um, dado que a saída, a circunscrição ou a dobra consiste no que chamamos aqui de antropologia;

portanto, não seria possível essa relação de extensão do discurso sociológico e o antropológico, dado que a sua relação é de antagonismo ou contraponto;
daí a redundância de uma 'antropologia do conhecimento', dado que uma antropologia {no sentido que aqui se entende antropologia] não pode ser pensada no quadro teórico do positivismo, visto que a antropologia se define justamente por um movimento de circunscrição dessa tradição, do historicismo e de demais pressupostos que permitiriam se tomar o conhecimento como um tema entre outros {como o faz de certa forma a sociologia do conhecimento];
quando se fala de conhecimento do conhecimento [epistemologia], à antropologia interessa menos a temática que a abordagem, interessa mais o conhecimento como prática [plano de imanência] que o conhecimento como objeto [plano de transcendência];
é assim que vemos dissolução de fronteiras nos textos de mauss ou lévi-strauss, a qual se evidencia em temas [por isso mesmo os mais recorrentes] como o pensamento selvagem, a magia, o mito, a ritualidade, em que o tema contagia [contamina] a abordagem e sua metodologia, seus critérios de verdade e seus pressupostos;

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