14 maio 2008



positivo
a sociologia tem suas bases no positivismo, imagem da linguagem e do conhecimento típica das disciplinas do século dezenove, ciências humanas instrumentalizadas à ordem social, cuja metodologia se inspira nos métodos descritivistas das ciências naturais e na história;

a possibilidade de uma revolução na sociologia se dá com a apropriação do marxismo;
adota-se, a partir daí, uma concepção dialética da história, que constrasta com o historicismo positivista;
em lugar de uma história positivista unidimensional, o que se tem agora é uma história dinâmica, resultante de um jogo do forças da luta de classes;
sustenta-se o historicismo, mas agora filtrado pela noção de ideologia, ou seja, a história serve de intensificador de poder ao estado e à burguesia, mas também pode servir de intensificador de poder ao proletariado;
agora o proletariado e os explorados e colonizados em geral poderão 'contar a história de seu ponto de vista';
a sociologia ao instrumentalizar essa abordagem é instrumentalizada por ela;
no entanto, a pseudo-democracia capitalista se apropria dessa perspectiva e a reinsere no circuito do poder;
o mercado das leis tem grande importância nesse processo;

falar a voz dos marginalizados: eis um programa que fará sentido para a sociologia após a superação do positivismo e das afirmações nacionalistas do século dezenove e para adentrar a configuração da democracia liberal que será encaminhada pelo pós-industrialismo;
constituir e guiar as subjetividades proletárias ao longo de suas experiências de tomada do poder ou de disputa de poder democráticas;
no entanto, a imagem do conhecimento e principalmente da relação entre linguagem e conhecimento continua tributária ao positivismo com sua relação direta entre palavra e realidade;

marx e o próprio marxismo identificara o caráter inerentemente político da linguagem, mas seu historicismo positivista o mantivera preso com a noção de ideologia que sustenta uma concepção de verdade que será estranha à teoria do enunciado e do discurso de foucault;

a filosofia vinha há muito colocando em questão, nos mais diversos termos, a abordagem simplista do positivismo;
o que o faz projetar-se como abordagem central no século dezenove portanto é menos seu prestígio enquanto pensamento e mais a função social que assume enquanto aparelho de estado: a ciência régia;
parece até que o estado faz a melhor apropriação do marxismo;

a antropologia se constitui definitivamente em contraposição a esse processo;
ela emerge no contexto de um pensamento que marca a passagem do século dezenove ao vinte;
esse pensamento tem como ponto de inflexão uma outra imagem da linguagem e, por conseguinte, do pensamento que possibilita colocar em questão o positivismo;
não se trata de uma relação simples entre palavra e coisa;
na filosofia nietzche elabora o problema;
a lingüística ao lado dos formalismos possibilita uma abordagem da linguagem e do pensamento que encaminhará a revolução estruturalista, de forte cunho anti-historicista;
daí se desdobra-se todo um espírito epistemológico que atravessa o século vinte buscando por a limpo os pressupostos do pensamento ocidental, voltando-se nas mais diversas formas e estilos sobre o problema da produção do conhecimento;
os esforços pós-disciplinares [mais que interdisciplinares] em que se reconhecem referências e enunciados da antropologia, da filosofia, da psicologia, marcam a perspectiva dos autores que se dedicam a problematizar a relação entre produção de conhecimentos, de realidades e subjetividades;

a concepção de discurso de michel foucault coloca em questão o critério positivista para a definição dos conjuntos de enunciados;
a relação do enunciado com seu objeto dá lugar á relação dos enunciado entre si;
a determinação dos enunciados a partir de seu objeto configura a imagem da linguagem no contexto positivista, de uma relação simplificada da relação entre palavra e coisa;
essa relação complexa entre palavra e coisa, texto e contexto, signo e referente, denominar-se-á discurso;
o discurso reinsere no circuito o poder criador da palavra;
se a abordagem positiva consiste numa relação de simples descrição do real, o discurso visa evidenciar o negativo, a linguagem em sua produção de sentido, de realidades e subjetividades;
em lugar de se reiterar a unidimensionalidade de um suposto mundo ocidental, destinado a universalizar-se, o que o discurso propõe consiste num projeto de multiplicidade, que visa superar inclusive a dicotomia dialética que ainda sustenta uma unidade transcendental da realidade;

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