03 maio 2008



português
minha segunda língua
meu sapato trinta e seis


as coisas me chamaram muito à atenção naquela primeira viagem pro juruá;
todo aquele discurso mal disfarçado que justificava a troca do seringal pela vila, pelo município e depois pela cidade;
a transformação do cotidiano e o valor contraditório: se queria valorizar a vida tradicional mas num querer que não era forte a ponto de se sustentar;
a economia desse discurso me chamou a atenção especialmente;
o discurso de estado, dos benefícios propunha uma convivência entre estado [ou seja, capitalismo] e o modo de vida tradicional, sem colocar em questão em momento algum a compatibilidade desses termos;
coloquei em discurso a pulga da dúvida onde estava, há tempos, a certeza do óbvio silenciada;
mas falar de um é falar contra o outro;
mas quem vai querer falar mal da educação, quem não vai querer o benefício do estado, quem ainda tem disposição para ser bravo;
a braveza do extrativista é uma braveza de estado, não contra-estado ou anti-capitalista;
a luta dos seringueiros foi pelo direito, uma luta para impor o estado de direito e ordem;
a fama de ecologismo anti-capitalista é utopia fora de lugar;
mas admitir isso é uma guerra;
equivale a reconhecer o significado dessa luta, reconhecer-se como massa de manobra, na reles condição de cidadão, sujeitado;
agora, entender o projeto do estado para seu futuro, entender o que quer o capitalismo, que interesse podemos ter para o mercado;
entender como a política de diversidade aqui inaugurada trabalha, no fim das contas, com um horizonte de homogeneização;
nossas categorias de cidadãos são grande perigo em meio a biodiversidade de idéias de tantos povos, cada qual na sua tão bela direção;

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