27 maio 2008



o problema da etnografia
o problema da etnografia consiste em sua objetividade, na função dessa objetividade;

essa etnografia de observação, de descrição deve ser redefinida por uma etnografia de experiência, de vivência, que não visa contar tudo o que vê, mas que proporciona um aprofundamento sobre questões determinadas;

não se trata para mim, no processo etnográfico de contextualizar a experiência subjetiva de campo;
o alcance dessa contextualização diante da contextualização epistêmica da máquina antropológica é evidente;

os exemplos dados por geertz se referem a uma experiência antropológica imaginada [quase sempre] como experiência acadêmica e colonialista de coleta de dados em campo;
minha experiência privilegiou uma vivência de longo prazo em que as questões de caráter pessoal tendem a se diluir;
para mim, a experiência de campo se encontrou sempre em dados dispersos e não na compilação de dados para elaboração de qualquer tese;
sempre preferi estar ao sabor dos acontecimentos, para isso a isenção profissional faciitou experiências com essa figura do pesquisador;
certo que os interesses são inerentes e toda relação antropólogo/nativo envolve esse jogo de interesses;

quanto ao papel do estado tomo por exemplo a questão da subjetividade;
da mesma forma que encaro a questão das subjetividades muito marcada [principalmente por nosso contexto capitalista] pelos devires, em que os índios não têm dificuldades para se tornarem ou pelo menos vverem experiências de brancos e vice-versa, penso algo similar com relação ao estado;
não penso que se trata de questão de intencionalidade subjetiva a relação com o estado, não penso como algo opcional a ser respeitado;
trabalhei diversas vezes esse problema abordando temas como os direitos indígenas ou os conhecimentos tradicionais;
penso nas sociedades indígenas como sociedades contra estado;
quando o estado disponibiliza políticas públicas a serem desenvolvidas parcialmente por essas comunidades não vejo que elas estejam se apropriando do estado ou que o estado esteja delegando poder a elas;
pelo contrário, o que vejo é o estado subjetivando burocratas e empresários travestidos de gestores indígenas;
em suma, o que vejo é o estado penetrando nessas comunidades, estendendo-se a elas na forma de instâncias simples como funcionários, associações, escolas e seus conselhos etc;
posso inclusive usar o argumento histórico e sobretudo o genealógico a meu favor, pois não se trata de coincidência que vivamos o momento de políticas públicas na democracia neoliberal preparada pelas ditaduras latinas dos militares torturadores;
não consigo ver as democracias latinoamericanas senão como frágeis heranças das ditaduras militares;
os exemplo da bolívia e da forma com que nos relacionamos com isso ou a reação dos militares aos protetos de latifundiários em relação a limites de terras indígenas evidencia isso;

não consigo pensar numa democracia que não seja a de uma estado neoiberal que busca promover subjetividades capitalísticas;


quanto a uma saída para a etnografia, algo que possa substituí-la, nunca foi minha intenção encontrar respostas mais perspicazes a serem apropriadas pelo estado e seus agentes;
minha intenção é mais a de criticar essa apropriação da 'ciência antropológica' e a execração de outras possíveis imagens do conhecimento humanístico e mesmo da etnografia, tais como as que se aproximem da litertura ou da arte;

não vejo que a solução para o objetivismo exacerbado seja o subjetivismo;
o que deve ser contraposto, confrontado é a função que opera esse objetivismo e não o objetivismo em si;

por isso se torna fundamental para uma pesquisa da linguagem e sua função na produção de conhecimento toda a crítica epistemológica que será elaborada visando contextualizar ou estabelecer os pressupostos do conhecimento, da racionalidade e principalmente do conhecimento positivista;
meu interesse pela linguagem me leva a abandnar a abordagem descritivista a antropologia por uma pesquisa de linguagem, pela leitura e apropriação de autores que trabalharão essa questão e que buscarão formas para a elaoração do problema tais como nietzsche e bachelard num primero momento e depois foucault e deleuze;
o que será escrever, de que se trata, como se constitui a fronteira entre a ciência e os demais discursos;

a noção de enunciado terá uma importância fundamental quando se busca experimentar com os limites a linguagem das ciências humanas;
para além da relação entre mundos diversos proporcionada pela antropologia, coloca-se a relação entre universos de conhecimento diversos, entre cosmologias distintas;
as noções de enunciado e discurso propocionarão abolir a distinção fundamental entre a objetividade da ciência e a subjetividade da literatura [para tomar o clássico contraponto];
essa abolição se dá pela abordagem da função desses discursos, da função de sua objetividade e do valor dessa objetividade;

nietzsche elabora a noção de conhecimento trágico a partir de sua investigação e pesquisa de linguagem em que enfoca a zona mista entre teatro e mística na tragédia ática e nos cultos dionisíacos;

Visitor Map
Create your own visitor map!