27 maio 2008



insisto em estranhar a generalização da idéia de que a democracia consiste numa conquista que tenha superado os regimes fascistas;
em lugar disso, o que se evidencia é o espírito de um fascismo neoliberal, sob a capa de uma democracia igualitária e livre;

para estender a experiência para a américa latina, toma-se o caso da bolívia, que evidencia a fragilidade de uma democracia que ousa colocar em questão os interesses de suas oligarquias locais e os interesses do grade capital, o capital estrangeiro;
a campanha que a imprensa brasileira lança contra a democracia boliviana só não é pior do que os termos em que ela busca definir o que seria uma postura adequada ao espírito da globalização;

um dos recursos democráticos da maior democracia liberal do ocidente foi a instalação de ditaduras nos países latinoamericanos visando manter intactas suas estruturas coloniais para melhor se definirem como mansas democracias liberais que hoje são;
como não se pode viver sem circo ainda que se viva sem pão, visto que o circo faz esquecer o pão, ;

o espírito da imprensa e suas palavras de ordem são execráveis;
braço direito da ditadura até hoje, a imprensa brasileira posa de perseguida pela ditadura militar e enfia em goela que graças aos grandes jornalistas brasileiros, verdadeiros mártires, conseguimos derrubar os militares;
ainda hoje essa canalha se reúne em seus congressos e celebrações para debater a ampliação da liberdade de expressão, sem qualquer mençâo à análise de consciência sobre suas práticas políticas;

no entanto, assim como para encontrar paralelo na história do acre, não houve expulsão dos seringalistas ou qualquer grande conquista dos seringueiros em termos territoriais [ainda que, em termos de legislação ambientalista, os ecólogos sim tenham feito grandes conquistas], também não houve tomada de poder dos militares, que entregaram o poder depois que as grandes forças internacionais, representadas pelo governo estadunidense e sua política externa, deram a ordem;
para a frustração dos quiseram cantar o refrão de chico buarque 'apesar de você...', as diretas já foram evento orquestrado e com autorização dos militares, o ensaio para a outra falcatrua que foram os carapintadas, outro fenômeno de manipulação de massas no país do futebol;

estamos proibidos de perceber que vivemos sob um regime autoritário que determina os valores que pautam os processos de subjetivação;
uma liberdade que é a liberdade de mercado configura nossa sensibilidade, nossos valores, nossa percepção;
nesse processo pseudo democrático a mídia foi promovida à dimensão inseparável da política autoritária herdada as ditaduras miitares;

será que mesmo com a saída dos militares de seus esconderijos, onde se escondem da história para continuar a exercer sua política fascista, mesmo com sua volta, sua exposição como agentes políticos da opinião pública não fica claro que se orquestra [pricipalmente na mídia] a imagem de uma pseudo-democracia em que só nos foram concedidas algumas garantias democráticas que não coloquem em risco nossa estrutura colonial: voto, liberdade de expressão, políticas públicas, direitos de trabalhador;

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