16 abril 2008




>o fetiche da subjetividade 2
marxismo
o que se considera útil do marxismo para esse contexto que aqui se situa é a relação problemática entre política e capitalismo, que nos fornece um imagem interessante da noção de resistência;
a resistência política que pode ser o ponto de articulação e diferença que se quer enfocar está em relação direta com o mercado e sua capacidade de transformar os mais diversos produtos e linguagens em mercadoria;

essa consideração problematiza a busca de políticas indígenas alternativas submissas ao capitalismo, perspectiva típica das políticas públicas neoliberais, ainda que pintadas do vermelho da utopia que consiste em buscar a resistência via capitalismo;

a resistência política do projeto indigenista, única via para a não-integralização [visto que se considera aqui que a subjetividade mercantilizada tem todo seu poder de resistência absorvido, minado], consiste na resistência [criativa] às formas do capitalismo, capitalismo que, com todas as formas do falso que desdobra, com todos os recursos que aciona, só sobrevive se consumido;

estabelecida essa relação entre política [ou resistência e política] e mercado, para que se entenda o campo neoliberal em que nos deslocamos e a política do terceiro setor [criada por ele e que estamos a engolir como desdobramento do esquerdismo], relação crucial para o estabelecimento de ações que se definam como resistência ao mercado e sua política;


mais que sua apropriação pelas massas socialistas, destinada a se apagar em termos de influência sobre as nova gerações, o que nos interessa do marxismo como resultado consiste naquilo que se esboçou no universo de referência positivista como sociologia do conhecimento [para muitos a possibilidade de redenção do marxismo no próprio século vinte];
conhecimento como mercadoria, que aqui nos conduzirá à abordagem da subjetividade como mercadoria em que consiste nosso ponto;

como o conhecimento lida quando a mercadoria lhe é imanente, quando se descobre a si, à sua função social, como falar de resistência no conhecimento se a condição de mercadoria o lança sempre contra a possibilidade de resistência;
qual a forma de escapar a condição de mercadoria, como tornar o conhecimento em instrumento de resistência;
identificar o projeto do estado, da sociedade ocidental seus valores universais e pensar no conhecimento como poder de destruição construtiva do estabelecido;
em lugar do positivismo universalista, forma acabada da ciência régia, do comprometimento do pensamento com a política de estado, um pensamento iconoclasta que foi por diversas vezes domado apropriado como mercadoria ao longo do século passado;


voltar-se para si num acurado trabalho de auto-análise, colocar-se em observação, dissecar seu próprio corpo, seu instrumental: eis o papel crucial que desempenhará a epistemologia;

pessimistas de todas as ordens definitivamente não crêem na possibilidade de resistir à condição de mercadoria, inerente ao conhecimento, sua linguagem e sua função;

seguindo a pista da desmontagem dos padrões, dos pressupostos do pensamento e da cultura, da filosofia ocidental e seus valores, chega-se ao discurso;
o discurso se justifica pela imanência da linguagem: por isso a abordagem da especificidade da lingugem, da consideração da linguagem na constituição do conhecimento conduz ao problema que nos interessa;

a linguagem, ou melhor, o discurso serve tanto para a construção do conhecimento quanto para a produção das subjetividades;
mais que o caráter político do conhecimento, entendido ainda na chave positivista de uma sociologia do conhecimento, o discurso [e não propriamente o conhecimento, saber-poder] tomado para a produção de subjetividades;
assim que as disciplinas positivistas projetam a normalidade que sustentará a homogeneizante identidade nacional;

discurso: matéria de textos e matéria de gentes [subjetividades]
subjetividade é aquilo que usamos para no projetarmos socialmente como pessoas;

essa foi a vaga que engoliu os ingênuos modernistas que pensavam engolir quando estavam a ser engolidos;
o pessimismo com que o artista vê seu projeto engolido pelo estado, tornado mercadoria pelo capitalismo o faz rever o caráter programático, caráter moralista de sua doutrina;

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