16 abril 2008



realismo
o ímpeto de se pensar a realidade do tempo, travestido de compromisso social, reverte-se num projeto político de estado, forma de se pensar a situação nacional, de se configurar uma identidade nacional a partir a imagem do homem tomado como homem brasileiro;

certo que nesse processo o preconceito é elaborado, mas a perspectiva é daquele que exerce o preconceito, um reconhecimento histórico da desigualdade;
agora ocorre que a consciência, ao contrário do que se pensou com muita intensidade, não é o fim a que devemos chegar;
entre se reconhecer o racismo e, o que é mais difícil, reconhecer o monopólio da enunciação que cria valores, que enuncia a voz dos povos indígenas e negros, há uma distância só há pouco percebida e apropriada;

no entanto, ainda que gilberto freire e sergio buarque de holanda nos tenham levado o pensamento a superar o racismo ainda herdado nos pensamentos de veríssimo e muitos outros civilizadores que se empenhavam no projeto de pensar o brasil dos brasileiros, reconhece-se hoje que sua perspectiva continuou sendo a do estado-nação implementado nessas terras por portugal;
trata-se aqui menos de questão 'política' que de questão política, visto que nos referimos a, nos interessa, mais um problema de enunciação que desenhar um projeto político democrático;
até darci ribeiro e sua antropologia de uma transfiguração étnica que enxerga os elementos indígena e negro impregnado na constituição do brasileiro, mantemos uma perspectiva da identidade nacional quando identificar interessa a um projeto de estado, a identidade;
por mais que com isso se suprima preconceitos, aparentemente negativos, a diferença é apagada e submetida a uma identidade que homogeneiza um mesmo campo de valores, identificado como regime de valores nacional;

aqui já se passa a um probema de outra ordem, pois os esforços da antropologia brasileira contemporânea consistem em criar a linguagem e o circuito onde essa voz possa se manifestar, pois a crítica empreendida pela abordagem da linguagem feita pela filosofia e pela epistemologia desse século levam à problematização radical da produção de conhecimento nas disciplinas da ciência régia com seu horizonte de valores profundamente comprometidos com os projetos do estado-nação, seus pressupostos homogeneizantes;

não se trata de retratar nosso racismo reproduzindo-o ad infinitum em nosso campo de valores, no campo de valores a que submetemos todos os demais pois ele se faz por força onipresente, com exceção, é certo, dos rasgos de provocados nesse tecido homogêneo pela violência bárbara e anti-civilizatória de nossos campos de guerra e zonas limite que atravessam nosso estado de paz unificado na tela da tevê, indo desde as megalópoles e suas panorâmicas periferias que as cercam por todos os lados, até a situação limite dos povos indígenas que se seguram nas fronteiras, atacados por todos os lados, desde as corruptas políticas locais que negociam os projetos do governo em troca de apoio e favores, como do lado de lá, onde outros países como o peru abrem concessão para a exploração das zonas de fronteira;

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