10 abril 2008



ecologia subjetiva

nossa dificuldade ou nossa resistência em ser livre se manifesta das mais diversas formas;
ao pensar na ecologia como modelo para os processos de subjetivação, pensava nela como instância última ou limite material do capitalismo;
[nascido para matar];
a ecologia seria, portanto, paradigma anti-capitalista por essa sua referência, por esse necessário contraponto a consumismo;

no entanto, como compreender então o consumismo da ecologia, a ecologia vendida nas prateleiras de supermercado e o mercado de carbonos;

pensava portanto que a ecologia subjetiva partia do mesmo ponto das ecologias natural e social;
que a noção de ecologia subjetiva convergia com a de ecologia natural;

no entanto, as incompatibilidades insistiam quando entrava em contato com o universo dos ecólogos naturais;
a princípio pensava que seria apenas um problema político, até entender que era de fato um problema político;

até que percebi não se tratar de uma convergência, muito menos de colocar a ecologia subjetiva em função da ecologia natural, numa espécie de utilitária conscientização ecológica do tipo, ou voltamos a amar a natureza ou nossos recursos estão com seus dias contados;
o próprio princípio ou ponto de partida da ecologia subjetiva é ou depende da supressão de uma concepção de natureza;
essa noção transcendental de uma natureza essencializada, externa, representada será então incompatível com qualquer possibilidade de ecologia subjetiva;
isso porque a matriz a partir da qual forjamos nossos dispositivos de controle social por padronização subjetiva [normalização] tem em seu princípio e pressupostos essa entidade;

nosso modelo identitário conduz a uma epistemologia representacionista tanto como à padronização das subjetividades capitalísticas;

se de uma lado temos as figuras do estado e do capitalismo, desdobramentos de nossa mística monoteísta, as quais possibilitam a configuração do arsenal de padronização subjetiva, de outro temos as dinâmicas de diferenciação da ecologia subjetiva;

não se pode obrigar ninguém a ser livre, eis a máxima que se tira da servidão voluntária;

nesse sentido nosso horizonte de finalidades não consiste tanto no suprimento das necessidades materiais, que pode servir inclusive [como tem servido] para a promoção do assistencialismo, quanto consiste nas práticas subjetivas que possibilitem utilizar tais necessidades com o objetivo de escapar ao circuito capitalista;
consiste ainda na definição de novos circuitos de valores, em que essas subjetividades configurem outras referências;

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