27 março 2008

são os impulsos, as pulsões, as tendências, as propensões, os automatismos; em suma, todas essas noções, todos esses elementos que, ao contrário das paixões da idade clássica, não ordenados a uma representação primeira, mas se ordenam, ao contrário, a uma dinâmica específica, em relação à qual as representações, as paixões, os afetos estarão numa posição secundária, derivada ou subordinada;

(...)

do ato sem razão, passamos ao ato instintivo;

(...)

temos aí, creio eu, o ponto de descoberta dos instintos;

(...)

é a partir da noção de instinto que vão poder se organizar, em torno do que era outrora o problema da loucura, toda a problemática do anormal, do anormal no nível das condutas mais elementares e mais cotidianas;

(...)

é assim, vocês estão vendo, que o instinto vai se tornar, no fundo, o grande tema da psiquiatria, tema que vai ocupar um espaço cada vez mais considerável, coincidindo com o antigo domínio do delírio e da demência, que havia sido o núcleo central do saber da loucura e da prática da loucura até o início do século dezenove;

(...) toda a inscrição da psiquiatria na patologia evolucionista, toda a injeção da ideologia evolucionista na psiquiatria vai poder se fazer, não a partir da velha noção de delírio, mas sim a partir dessa noção de delírio;

foucault, os anormais: 164-7


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