27 março 2008

o que faz foucault com sua genealogia da razão ou [da racionalidade], a partir da história da loucura, consiste em articular o problema da forma segundo as profundas intuições antropológicas do estruturalismo, que remontam, bem ou mal [pelo menos em termos metodológicos, à genealogia nietzchiana da moral, com a problemática [de certa forma similar, mas em outra chave] da epistemologia que dominará a filosofia do século vinte;

é certo que foucault está antenado nas revoluções estruturais do pensamento selvagem levi-straussiano e procura voltar, via genealogia [primeira experiência de simetrização antropológica, já em bases discursivas], as mesmas questões levantadas pelo antropólogo para o imaginário epistêmico da ciência ocidental;

o mapeamento da idade clássica da representação é o esforço de foucault para definir as bases transcendentais que criariam uma dicotomia no método histórico, fundamental à crítica e superação de certo marxismo, distinguindo história de genealogia [ou arqueologia como ele prefere definir a partir de sua noção de discurso];

a partir de as palavras e as coisas [e da definição de uma idade clássica da representação, a partir da qual iluminismo e positivismo são ressignificados, assim como o próprio método histórico], o conceito de representação passa a ocupar posição definitiva no pensamento de foucault e se torna referência para os demais pensadores de seu círculo;

é esse conceito de representação que passa a eixo de referência fazendo com que movimentos aparentemente tão dispares quanto a ruptura proposta no caso nietzsche, o formalismo generalizado do início do século [que assume porfim o estruturalismo como ponto de inflexão/referência], a retomada da antiga epistemologia numa visada sociológica [ainda assediada pelo método histórico] passem a se conectar;


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