27 março 2008

num primeiro momento, o positivismo, que remonta ao imaginário representacionista da ordem metafísica, dá lugar à história ou ao histórico ou ao método histórico ou ao pensamento histórico transcendental do século dezenove,

este, então, se propõe romper a com o imaginário da ordem externa metafísica que se considera para além dos valores [bem e mal], em sua ilusão de neutralidade que oculta seu locus de missão, sua perspectiva;

a história revela a constituição humana ou social de fenômenos antes tidos como absolutos, frutos da ordem universal;

no entanto, destitui-se um universal para se erigir outro;

unificando as perspectivas numa perspectiva única, ainda que humana, reduz os valores a um único sistema de valores;

com sua institucionalização, a história se constitui, assim como a razão se constituíra, num intensificador de poder;

por outro lado, continua a buscar numa dimensão transcendental, dos supostos acontecimentos empíricos [o que a liga ao imaginário da ordem], a sua maneira de imaginar o conhecimento do homem e do mundo;

a distinção [ou superação] desse imaginário histórico ocorre com a genealogia da moral;

o procedimento genealógico coloca o problema dos valores que definem toda história;

a genealogia propõe a abordagem das construções dos valores através da construção das instituições;

com isso propõe um método que esteja voltado sobretudo à própria linguagem, ou qualquer outro instrumento utilizado pelo filósofo [o que inclui a filosofia para além de sua qualidade de meio] como receptáculo de valores;

definindo sinteticamente essas duas abordagens, pode-se tratar de uma diferença entre dois planos em que o conhecimento se dispõe ou ganha forma expressiva;

uma primeira como plano de transcendência que não se dá a ver enquanto dá a ver, ou seja, oculta os valores, a perpectiva ou o fundo de que emerge aquilo que se dá a conhecer;

contraposto a esse plano de transcendência [comum ao imaginário da ordem como ao histórico], o plano de imanência pretende suprimir a representação numa experiência de devir que só pode ser traçada trazendo o plano à tona, numa experiência de intervenção inerente ao conhecimento;

o caráter criativo do plano de imanência se deve à que este se constitua dividindo o mesmo espaço epistêmico com aquilo que se propõe conhecer;


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