a história dá lugar às organizações analógicas, assim como a ordem abria o caminho das identidades e das diferenças sucessivas;
foucault, as palavras e as coisas
a história vem substituir, tomar o lugar da ordem, espaço da metafísica por excelência;
a representação é a marca do pensamento clássico;
sua derrocada, na passagem do dezoito para o dezenove, dá origem a um período que se estende até os nossos dias;
a história é definida, para além de uma ciência empírica dos acontecimentos, como o modo de ser radical que prescreve seu destino a todos os seres empíricos e a esses seres singulares que somos nós;
a ordem, mais que um saber organizado, consistiria num espaço onde todo ser vinha ao conhecimento;
a relação com a metafísica é crucial para o entendimento do pensamento por foucault;
pode-se ver, portanto, aqui também a genealogia da moral que sustenta sua arqueologia discursiva;
a metafísica clássica alojava-se precisamente nessa distância da ordem à ordem, das classificações à identidade, dos seres naturais à natureza: em suma, da percepção (ou da imaginação) dos homens para com o entendimento e a vontade de deus;
a filosofia do século dezenove se alojará na distância da história à história, dos acontecimentos à origem, da evolução ao primeiro dilaceramento da fonte, do esquecimento ao retorno;
portanto, ela só não será mais metafísica na medida em que será memória e, necessariamente, reconduzirá o pensamento à questão de saber o que é, para o pensamento, ter uma história;
essa questão infatigavelmente acossará a filosofia, de hegel a nietzsche, e para além desses;
(op.cit.: 233-4)
a metafísica que insufla a ordem tem continuidade na história;
portanto, o que se torna crucial aqui é a compreensão da passagem da idade clássica da representação, do princípio geral da ordem, para uma filosofia já desprendida de certa metafísica: porque desligada do espaço da ordem, mas votada o tempo, ao seu fluxo, a seus retornos, porque presa ao modo de ser da história;
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