17 março 2008

foto: fernando katukina

diferencialidade indígena 1

tradicionais

cabe uma problematização da noção de tradicional que caracteriza esse conhecimento;

ao se imaginar esse conhecimento como o que ele significa no universo dos valores ocidentais, reforçando sua referência à pureza, à homogeneidade, àquilo que se contrapõe ao ocidental, ou seja, sem se referenciar por essa cultura e por seus valores, a idéia de tradicional aqui se contrapõe ao moderno;

esse problema [político] já vem sendo arduamente debatido em imaginações como a histórica, que se tornou paradigmática pela abordagem do tempo no conhecimento indígena feita por lévi-strauss;

essa propriedade específica do tempo no conhecimento e/ou na ontologias indígenas interessa menos como problema de conteúdo para o nosso autoreferente conhecimento;

o que interessa é o caminho do mito traçado por lévi-strauss para apropriar uma forma ou estrutura própria da imaginação desse conhecimento;

a antropologia, a partir dessa problemática estruturalista da ordem indígena do conhecimento que precisa ganhar linguagem para ser traduzida em nosso idioma epistêmico, tem se esforçado por produzir outras imagens desses povos e de seus conhecimentos que não esteja tão centralizada em nossas valorações e pressupostos;

apesar do problema das categorias nativas remeter aos inícios do século, é árduo o esforço de construir referências para uma simetrização desses conhecimentos;

a dificuldade se encontra na falta de campo ou espaço político em que essas vozes, em que as subjetividades pressupostas nesses conhecimento encontrem expressão;

aliás, o espaço do xamanismo e de toda a heterogeneidade própria às culturas indígenas, em seu processo de assimilação e troca com o universo ocidental, tem proporcionado campos férteis para essa reflexão;

o problema recai, portanto, mais em nosso reconhecimento dessas experiências híbridas, ou melhor e novamente, em nossa incapacidade de cultivar campos em que possamos, tanto quanto os indígenas o tem feito, muitas vezes sido submetidos, fazer convergir essa mesma heterogeneidade que se começa a perceber em sua dinâmica socialidade e culturalidade;

práticas e espaços são aqui a forma da expressão mais que idéias;

as idéias servirão mais para reconhecer, campear novas áreas de atuação pela comunicação, mas não possuem poder criador;

práticas subjetivas e espaços políticos;


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