27 março 2008

escrever não é certamente impor uma forma [de expressão] a uma matéria vivida;

a literatura está antes do lado do informe, ou do inacabamento, como gombrowicz o disse e fez;

escrever é um caso de devir, sempre inacabado, sempre em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria vivível ou vivida;

deleuze, literatura e vida

a contribuição dessa definição deleuzeana para a literatura consiste nela contradizer uma concepção genérica a respeito da produção e da criação literária;

essa concepção acompanha toda a tradição filosófica que venceu a licitação para colonizar o mundo;

se a filosofia grega se caracteriza pela aproximação do mundo, por consistir de certa forma na gênese da ciência, ela não poderia deixar de definir uma concepção da linguagem;

é assim que o pensamento filosófico antigo no legou uma concepção que poderíamos definir como científica [pelo menos positiva] da literatura e do fazer literário;

em lugar de uma disposição positiva da construção sígnica, o que se vê aqui é um combate em que se busca desconstruir nodulações consensuais, também chamadas verdades;

verdades não precisam se constituírem num corpo a corpo com o mundo, definindo o mundo externo à linguagem;

as verdades podem se constituir numa relação entre linguagem e real, numa disposição do real em linguagem;


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