12 março 2008

ainda sobre a noção de etnia indígena

não gostaria, no entanto, de deixar o problema flutuando num vazio contextual;
em nosso contexto de ação, de produção de relações políticas, e não só de análise [como pode nos tentar a imaginação teórica marcada pelo transcendente] a diferença interna que marca as etnias [por meio da ciência biológica do branco e não pela ciência indígena do parentesco] é anulada em favor da concepção [culturalista] de povos indígenas;

nosso debate [embate] em torno da questão do étnico deu-se [foi travado] no tráfego entre as noções de dado e construído;
percebi que enquanto trafegava no mundo dos conceitos construídos [mais do direito, da utilização estratégica de conceitos construídos], eles travavam um embate no plano do dado [propondo uma problemática política tratando do racismo], contra uma construção biológica [etnia] baseada no dado [natureza];
portanto, não se extingue as etnias, ou seja, seu sistema de diferenciação relativa entre grupos, mas a concepção do étnico como categoria conceituável;
interessa-me aqui o jogo político entre dado e construído;
a noção de etnia ou étnico vai do construído ao dado segundo a necessidade conceitual ou argumentativa/retórica dessa política indígena;

interessante também o fato desse debate ser travado num encontro proporcionado por uma organização de mulheres, sendo que o feminismo é o campo de ação política afirmado sobre a diferença e discriminação de gênero, esse constructo social [construído] que se fundamenta numa condição biológica [dado];

interessante ainda o tema do étnico emergir de um módulo sobre a legislação ou os direitos indígenas, disciplina que tem em seu cerne justamente o problema da naturalização do social, ou melhor, de tomar o construído enquanto dado como estratégia de intensificação e naturalização de seu poder e do poder do estado;


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