24 fevereiro 2008

tradicionais
a noção de conhecimentos tradicionais como um conjunto de saberes acabados e remetendo a um passado imemorial é uma concepção, como tantas outras e cada vez mais, implantada por nós nas bordas dessas culturas;
pois a imagem desses saberes remete menos ao passado que a nossa;
é muito mais o nosso sistema de conhecimento que se move a partir do passado, tendo o passado como referência;
em sua imaginação evolucionária nosso pensamento concebe-se como um desenvolvimento natural e orgânico do passado;
como se diz, imagem do conhecimento, imagem do homem;
pois é assim que se configura a subjetivação ocidental, e seu conhecimento está nela implicado;

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como já disse,tenho dificuldade para imaginar saídas empresariais para as populações não civilizadas ou resistentes à civilização ou ainda não civilizadas com que tenho estado em embate nos últimos anos aqui no acre e no último ano aqui no juruá;
soluções empresariais operam com a lógica empresarial;
o dinheiro pode parecer bom ou necessário em qualquer situação, pode consistir mesmo num direito como se costuma alegar aos tradicionalistas anarquistas da minha linhagem;
no entanto, o movimento que sustenta esses sistemas não-ocidentais tem por referências outras lógicas que não a do mercantilismo selvagem que caracteriza nossa pseudo-democracia liberalista;
já cheguei a formular que o fracasso das tentativas de organização da reserva extrativista do alto juruá (meu estudo de caso), tendo ainda acompanhado outras reservas e o processo de criação das atuais, está na relação com o mercado, com a civilização, com as exigências do mercado, com a falta de referências no modo de vida tradicional, com a influência, ou melhor, a determinação política do estado, os modos de subjetivação da grande sociedade ou sociedade envolvente, como se dizia;

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