24 fevereiro 2008

nós temos dito que preferíamos trabalhar um tema como a questão da sustentabilidade humana;
temos inclusive dito que a sustentabilidade humana é muito mais importante do que trabalharmos sustentabilidade de um programa que tem, como princípio, a destruição do meio ambiente e do ser humano;
e este consentimento fundamentado prévio, ou não é uma simples afirmação, uma simples legalização do que já vem sendo feito;
portanto, é mais importante que nós, como povos indígenas, tomemos a decisão de aceitar ou não uma outra diversidade, uma outra cultura, um outro conceito em nossos próprios procedimentos;
e como se chamaria isso ?
nós poderíamos chamar de um sistema jurídico próprio dos povos indígenas; mas como vou fazer para que um sistema próprio dos povos indígenas seja respeitado ? primeiro que, para a sociedade, para a modernização, eu preciso estar com isto registrado e, segundo, que tenho que promover isto;
no entanto, para nós, que vivemos todos esses milhares de anos, não foi preciso isto e nós e nós não tínhamos esta crise de identidade que mencionei no início, porque nós sabíamos nossa origem, nossos caminhos e para onde íamos, apesar de gostarmos muito de guerrear entre nós;
mas era um processo menos violento do que o do estados unidos, pois não utilizávamos a bomba e, sim, o veneno e alguém se defendia e com muita sabedoria;
isso era um processo da afirmação de cultura, de valores e da personalidade;
também não deixa de ser assim hoje, mas de uma maneira muito mais cruel;
então acontece que essa criação de conceito nos tem complicado muito a vida, agora nós somos crianças, mulheres, pajés, velhos, somos católicos, protestantes, médicos, advogados mas esquecemos que somos ine, popengari, hunikuin;
agora somos índios;

sebastião manchineri, 2003


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