24 fevereiro 2008

meu assombro iniciou-se na primeira questão;
o que é direito;
os meus direitos de consumir, meu direito ao exercício do poder e da violência de estado;
eis as respostas;
como trabalhar a partir desse ponto de partida, com um grupo de interlocutores armado;
como desarmar essa bomba;

intoxicados de novela, de televisão acreditam que o direito é o acesso ao mundo do qual foram marginalizados;
sua integração, sua inclusão se dará a partir de quando puderem fazer e fizerem o que o outro tem o direito de fazer;
apontar outras soluções, outros caminhos, só através de um discurso pouco convincente que imagina o índio como bom selvagem e folcloriza os costumes dos antigos para valorizar o conhecimento técnico almejado por todos como possibilidade de trabalho e de se tornar funcionário;

a neurótica subjetivação capitalística pelo trabalho é uma bomba contra a qual se deverá contrapor processos nômades e anarquistas de subjetivação;
interessa-me entrar, afirmar esses processos sem uma retórica moralista (desde salvar o planeta até fazer a justiça social aos deserdados do ocidentalismo (até por que acredito que essa exclusão é a nossa própria saída));
o fato é que não vou no sentido de confirmar suas expectativas;
não creio como a grande homogeneidade ocidentalizante na via única da subjetivação pelo mercado de trabalho;
pelo contrário, quero construir vias para a contraposição a essa forma hegemônica de subjetivação;
para isso me serve a noção de sociedades contra-estado, pois traço perfis contrapostos entre essas sociedades e trabalho a partir deles, buscando soluções para os impasses do capitalismo e do ocidentalismo a partir do perfil dessas sociedades;
por exemplo, como argumentar contra o sistema de patentes, demonstrando que o ordenamento jurídico dos contratos garantido na lei (esta de história e tradição liberal) beneficia mais às empresas que aos povos indígenas ou tradicionais;
definindo as características da economia do conhecimento indígena;
livre fluxo de informação versus mercantilização do conhecimento e da mão de obra especializada;
cooperação versus competição;
é assim que a lei dá com uma mão e tira com a outra;
diz estar garantindo o direito e saldando uma dívida histórica (sua canalhice não encontra medida) quando está negociando e mercantilizando a própria alma dessa gente;

vejo que o problema está um passo atrás, em seus referenciais de subjetivação, suas vontades;
como trabalhar essas vontades tocando o mínimo possível no moralismo, sem acionar o tempo todo seus compromissos com tradição ou outras causas nobres;
pois o que faço é acenar com outras referências de subjetivação a partir de um compromisso que esses indígenas têm com sua cultura, sua tradição, seu modo de organização, seu conhecimento etc;



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