26 janeiro 2008

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distintibilidade no perspectivismo 3

meios de expressão

esses meios de expressão se expressam inicialmente e indiretamente quando se busca uma contrapor o discurso colonial e etnocêntrico do evolucionismo que marca o pensamento historicista e positivista;

o passo seguinte será buscar meio de expressão que manifestem, ou melhor, que constituam em ato, e não mais como representação, esse conhecimento;

não se trata mais de reconhecer o mitos ou os rituais como forma legítima de conhecimento, mas apropriar-se desses recursos para a construção de máquinas de guerra, de recursos de pensamento (e outros que transcendam o próprio pensamento) que se voltem contra o pensamento tradicional e sua imagem conservadora associada ao positivismo e à representação;

talvez ainda os meios de expressão não sejam problema em pensamento selvagem, apesar das entradas no bricolage e da esteticidade que marca essa imagem do pensamento primitivo;

o problema da forma já não é mais um problema da interpretação, ocupada com a leitura, com a tradução, com o sentido;

trata-se já de um problema com a reconstituição estética desse pensamento em seus próprios termos;

trata-se de uma questão de estética, de problematizar inicialmente os meios de expressão então viciados, determinados por uma imagem positiva do pensamento, que objetualiza esse pensamento, que não o busca como matéria própria, destinada a meios de expressão igualmente específicos;

problematiza-se o estilo, a escritura diante da natureza e do homem objetualizados;

o saber positivista goza com o poder centralizado do estado;

esse problema dos meios de expressão do pensamento selvagem, com a definição da noção de discurso, de um saber-poder, de um poder que se manifesta como saber, de um poder inerente ao saber, caracteriza-se como problema político, problema da antropologia política;

o problema da antropologia política de clastres é esse que vai conduzir à formulação das sociedades contra-estado, desenhando nesse percurso o projeto das máquinas de guerra, espécie de contra-antropologia ou de xamanismo anti-científico;

os meios de expressão são o problema fundamental da distintibilidade;

para além do problema da tradução, que também problematiza os meios de expressão, a distintibilidade opera em outro campo conceitual, em ruptura com a dinâmica interpretacionista e representacionista típica da tradução que se apóia numa lógica do multiculturalismo (uma natureza, muitas culturas);

a expressão, a estética, o construcionismo: não mais a compreensão e a explicação, mas a constituição política de realidades através do conhecimento: uma outra versão da verdade;

desloca-se a idéia, ainda persistente, de um conhecimento absoluto sobre a realidade, pois este deixa de estar relacionado com um sentido transcendente (a verdade absoluta) e se define numa imagem associada à imanência da expressão;


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